sexta-feira, 25 de abril de 2025

A ESCALADA DOS TÓXICOS - MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 





A ESCALADA DOS TÓXICOS.
Mário Ribeiro Martins*


(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).



O uso indiscriminado de tóxicos, por parte de milhões de viciados em todo o mundo, é, sem dúvida, um dos flagelos sociais mais alarmantes dos últimos tempos. Transformadoras da percepção mental, as drogas são conhecidas desde os tempos remotos e mencionadas pelas literaturas mais primitivas que falam sobre seu uso e suas consequências.
Os povos orientais não só conheciam, mas também usavam largamente o ópio e o cânhamo indiano. Os astecas usavam o peiote, do qual extraiam a mescalina, chegando mesmo a adorá-lo por verem nesse cacto um verdadeiro deus. As drogas foram introduzidas no Ocidente através de intelectuais e artistas, tais como, Baudelaire, De Quincey e outros que, depois de experimentarem os efeitos alucinógenos de certas substâncias, tornaram-se porta-vozes e defensores de seu uso.
Mais recentemente Aldous Huxley transformou em livros suas experiências com a mescalina. Numa série de artigos para a imprensa chegou a preconizar uma "evangelização química", no sentido de que as drogas fossem colocadas ao alcance de todos, principalmente intelectuais. Após a Segunda Guerra Mundial e com o advento de certos fenômenos sociais, entre os quais o Hippismo, os tóxicos passaram a ser difundidos e usados numa escala maior.
No famoso festival de Woodstock (Estados Unidos), o ácido lisérgico foi vendido a quatro dólares, dose suficiente para uma "viagem inesquecível". No festival de Wight (Inglaterra) centenas de hippies curtiram o vício da maconha, das bolinhas e do LSD, a mais poderosa droga mental até hoje conhecida.
Conforme pesquisadores da UNESCO há no mundo cerca de quinhentos milhões de viciados em uma droga qualquer. A maconha, droga mais popular no Brasil, em virtude da grande produção e do baixo preço, é usada em São Paulo, capital nacional do Vício, por cerca de 150 mil viciados. O fenômeno, portanto, não é só americano. A indústria dos tóxicos expande-se fortemente na Inglaterra, Itália, Alemanha, França, Suécia, etc. Corre-se tanto perigo hoje em Nova Iorque como se corria na Indochina.
O tóxico é o inimigo público número um da humanidade. Com esta preocupação e na tentativa de esclarecer a juventude brasileira quanto aos perigos a que se expõe diante do uso dos tóxicos, foi que o governo instituiu o Conselho Nacional Antitóxico, reunindo médicos, professores, religiosos, jornalistas e outros interessados, capazes de abordar corajosamente o problema, numa ação educativa e racional.
A rebeldia e ânsia de independência dos jovens são resultantes dos novos estilos de vida da época e da omissão dos pais, permitindo uma orfandade existencial dos menores e adolescentes. Daí o apelo do Dr. Alves Garcia: "Que as autoridades se mobilizem e alertem as famílias para menos café-society, menos coquetéis, menos egoísmo e mais vigilância e cuidado com os filhos. Que se restaure a autoridade familiar e que a educação dos menores seja da responsabilidade dos pais e não do chefe do bando da esquina ou do bairro, como está acontecendo. (MANCHESTER. Anápolis, 02.09.1975).



MÁRIO RIBEIRO MARTINS-ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

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