SONETO NOTA 10
FREI AFONSO
Para fazer a poesia disso
que o faz cativo desde muito cedo,
tome por lápis o seu próprio dedo,
ponha-se à Natureza submisso.
Faça do chão o seu papel maciço,
já tente achar o não sei quê do enredo
que prende à Natureza igual segredo,
pleno de amor e de mistério e viço...
Não fique triste, mas se ponha alheio
à Criação, por um momento só,
como se fora espectral silêncio.
Logo procure contentar-lhe o anseio,
no pé de um verso... numa estrofe amena...
e colha da ânsia cósmica um poema!
(POSTAL CLUBE-ANTOLOGIA 12, página 14)

Nenhum comentário:
Postar um comentário