LÁ FORA, A NOITE (Extraído da revista PROSA VERSO E ARTE)
Marina Colasanti
(In memoriam)
É quando a família dorme
– inertes as mãos nas dobras dos lençóis
pesados os corpos sob a viva mortalha –
que a mulher se exerce.
Na casa quieta
onde ninguém lhe cobra
ninguém lhe exige
ninguém lhe pede
nada
caminha enfim rainha
nos cômodos vazios
demora-se no escuro.
E descalços os pés
aberta a blusa
pode entregar-se
plácida
ao silêncio.
– Marina Colasanti, no livro “Rota de colisão”. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1993.
Nenhum comentário:
Postar um comentário