DESABAFO
Filemon Martins
Não reclamo da vida turbulenta e triste
Que a predestinação me faz levar, talvez,
Nem quero levantar a voz ou o dedo em riste
Para acusar alguém de tanta insensatez.
A consciência cruel por certo não resiste
Fazer o bem, amar, viver com honradez.
É próprio do invejoso que na falta insiste
Muito disfarce, engodo, mágoa e morbidez.
O calvário de Cristo nos mostrou o quanto
A Humanidade é mesmo pobre e desprezível,
A ponto de matar um verdadeiro santo...
E desde então as coisas só se complicaram,
O aumento dos Pilatos se tornou visível
E os Judas, com certeza, se multiplicaram!
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