MUNICÍPIOS
DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO
DE SEABRA - Parte I
Saul
Ribeiro dos Santos
INTRODUÇÃO
Seabra é um grande e importante
Município do Estado da Bahia. Espalha seus raios de influência para toda a
região. Está localizado na parte central do Estado da Bahia e encravado no alto
das montanhas na parte centro-Norte da Chapada Diamantina, em altitude
aproximada de 930 m. Seu território se estende por uma área de 2.402,17 km²
e a população em 2016 foi estimada em 45.395 habitantes. (1)
Conforme informativo/2017 da ALBA –
Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre Seabra e Salvador é de 460
km. Seabra possui clima aprazível com temperatura média de 22º C. Entre os dias
15 de junho a 15 de agosto, a temperatura durante a noite desce e poderá chegar
aos 9º C. Nos meses mais quentes a temperatura máxima chega a 33º C.
No território do Município de Seabra
destaca-se a serra da Cotréia com 1.120 metros de altitude. A vegetação é
considerada um misto entre mata atlântica nos vales e grotões (2) com
cerrado e caatinga, em outras partes. Até maio de 1889 as terras deste vasto
Município pertenciam ao Município de Lençóis.
Anteriormente a sede do Município teve
outros nomes, mas Seabra, o nome atual, foi adotado em homenagem ao
ex-governador J. J. Seabra - Dr. José Joaquim Seabra – o homem que governou o
Estado da Bahia, eleito duas vezes. O nome Seabra é bem-aceito por todos. É
nome de fácil pronúncia.
A cidade de Seabra é considerada a
capital da Chapada Diamantina. Está bem localizada às margens da BR-242, que
liga Salvador a Brasília com o prolongamento da BR-324 (de Feira de Santana a
Salvador). Além de ser a maior cidade da região, Seabra exerce grande
influência no comércio dos Municípios das redondezas com a compra, venda e
distribuição da produção de frutas, cereais e outras mercadorias. Exerce grande
influência como polo educacional e de assistência médica regional. Seabra é
conhecida no cenário regional e nacional pelo ecoturismo. O Município apresenta
muitos pontos com atrações turísticas e muitas festas folclóricas. No centro da
cidade encontra-se a Praça Luiz Henrique Xavier, onde foi erigido um monumento
(simples, mas de grande significado), chamado de “Marco Zero”, que representa o
centro geográfico do Estado da Bahia. A cidade abriga a sede regional de muitos
órgãos estaduais, federais e de várias autarquias e fundações.
No final do século XIX para início do
século XX estava em vigor no interior do Brasil, principalmente na parte do
sertão brasileiro, que vai do Norte de Minas Gerais até o Maranhão, o
sistema chamado de coronelismo. (3) Esse termo refere-se à influência dos
coronéis do sertão na política brasileira. Naquele tempo o governo central não
tinha condições para sustentar uma estrutura com forças militares permanentes
no vasto interior do País. O coronelismo, pode-se dizer, era uma espécie de
força reserva ou força auxiliar.
Aqui na Chapada Diamantina muitos
coronéis se destacaram. O Coronel Horácio de Matos foi um homem de grande
influência política e social em Lençóis, Seabra
e na maior parte da Chapada Diamantina. Em 1926 teve início, nesta parte
do sertão, o movimento para arregimentar forças com a finalidade de lutar
contra a Coluna Prestes. A “Coluna”- foi um movimento revolucionário que agitou
o Brasil de 1923 a 1927 e com maior
intensidade de 1924 a 1927, fazendo uma
marcha guerrilheira progressiva a partir do Sul do Brasil. Percorreu milhares
de km. e se ramificou, tendo em vista conseguir adesões ao movimento contra o
governo do presidente Arthur Bernardes.
A coluna era composta de militares
oriundos do tenentismo (4) e de civis, todos bem armados. Era comandada
por Luiz Carlos Prestes, engenheiro (ex-tenente do exército). Na sua marcha a
Coluna percorreu vários Estados do Brasil. Passou pelo Estado da Bahia e ao
chegar à região de Morro do Chapéu muitos elementos do grupo se comportaram
como vândalos, saqueando lojas, inclusive a casa comercial do Coronel Manoel
Quirino Matos. Este, mesmo com poucos homens, atacou a Coluna Prestes, feriu
muitos guerrilheiros e causou a baixa definitiva de outros. (5) Parte da Coluna
prosseguiu na marcha e “em março de 1926 entrou em Barra do Mendes”. Matou dois
homens, parentes do Coronel Horácio. Não demorou muito e o coronel tomou as
providências. Apoiado pelo governador e credenciado pelas autoridades federais,
organizou o Batalhão Patriótico Lavras Diamantina, composto de 560 homens bem
armados, e partiu na direção de Goiás para atacar a famosa Coluna Prestes.
Perseguiu-a e travou muitos combates, causando muitas baixas, forçando a Coluna
deixar o Brasil e entrar na Bolívia, em busca de refúgio.
Retornemos à história de Seabra. Por
influência do coronel Horácio de Matos, a cidade de Cochó do Pega (ou São
Sebastião do Cochó), teve o nome mudado para Doutor Seabra, em homenagem ao
ex-governador do Estado da Bahia - Dr. José Joaquim Seabra, eleito pelo povo.
Ele exerceu o mandato por dois períodos. Mas, antes de ser favorecida com o
nome de Seabra, este lugar, desde quando ainda era um povoado, já teve vários
outros nomes, como: Passagem Bonita de N. Sra. de Jacobina, São Sebastião do
Cochó, Campestre (que era a sede do Município), Cochó do Pega, Doutor Seabra.
(6) E, finalmente a partir de 1931 o nome atual - Seabra.
____________
(1) Relatório IBGE/Cidades/Bahia/Seabra. Acesso
em 30/12/2016.
(2) Contos dos Sertões, Pág. 178 (1912), Viriato
Correia, jurista, deputado e escritor maranhense. Pequena abertura em alguns
trechos das margens de um córrego.
(3) Coronelismo - termo que se refere aos
coronéis do sertão. Patente criada pela Guarda Nacional no tempo do Governo
Imperial, formada em 1831. Eram nomeados com a patente de coronel homens de
grande influência na política regional. Geralmente a patente era concedida a fazendeiros
de grande carisma e prestígio – que possuíam o dom da iniciativa, poder
econômico e notoriedade entre os habitantes da região. Ao receber a patente, o
novo coronel recebia também a farda, a espada e as insígnias, que simbolizavam poder, deveres e
privilégios legais. O coronelismo foi extinto após 1930, no governo do
presidente Getúlio Vargas, com leis combatendo as oligarquias regionais. Mas,
por causa do prestígio, alguns coronéis seguiram ostentando poder político até 1945/1950 -
Enciclopédia Barsa, vol. 6 pág. 32 – Encycl. Britannica do Brasil Public. Ltda.
1995.
(4) Tenentismo – Movimento político-militar de
oficiais das Forças Armadas do Brasil e alguns civis, que no início da década
de 1920 questionavam a estrutura administrativa e as práticas políticas do
Governo Federal. Entre os principais integrantes do movimento estavam Luiz Carlos
Prestes, Juarez Távora, Siqueira Campos, Eduardo Gomes e Juraci Magalhães.
Enciclopédia Universo, parte
sobre o Brasil.
(5) Coronelismo no Antigo Fundão de Brotas, 5a.
edição pág. 82. Livro escrito pelo Dr. Mário Ribeiro Martins. Editora Kelps,
Goiânia- GO, 2010.
(6) Nome em homenagem ao Dr. José Joaquim
Seabra, governador do Estado da Bahia por dois períodos: 1912/1916 e 1920/1924.
Foi um político influente no âmbito nacional. Enciclopédia Barsa, vol. 3 pág.
409 – Encycl. Britannica do Brasil Public. Ltda., 1995.
EMANCIPAÇÃO
POLÍTIC0-ADMINISTRATIVA
Os primeiros habitantes humanos das terras deste Município foram os índios. As tribos tupis constituíam grande nação de índios composta por cerca de 200 tribos espalhadas por várias regiões do litoral brasileiro e alguns países da América Central. Os tupis preferiam as terras costeiras à beira mar. Os tupiguás habitavam as terras do sertão da Bahia. Os Tapuias constituíam a nação de índios que habitavam nas terras do sertão. Tapuias ou tapuios, essa foi a designação genérica dada pelos índios da nação Tupi (tupinambás) para os índios considerados como inimigos, que viviam nas terras do interior, muito além do litoral. Pertenciam a outros troncos linguísticos. (1)
À medida que a colonização do Brasil
pelos portugueses se intensificou e avançou, os índios foram lentamente
“empurradas” ou forçadas a abandonar a região litorânea, seguindo para outras
partes e até para territórios que atualmente pertencem a outros países.
(1) Tupiguás e Tapuias – tribos indígenas do
sertão. Enciclopédia Universo, vol.VI pág. 2736 – Editora Delta e Editora Três,
1973 e Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa – Caldas Aulete, pág. 5138
– Edit. Delta 1958.
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Este
texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em
elaboração.
SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na
Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina
Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os
filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner
Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela
Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco
comercial.
Sempre gostou de escrever.
Apaixonado por assuntos das Regiões da
Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar
com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história
regional.
Autor do livro DECISÕES &
DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira
de Santana, Bahia.
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