segunda-feira, 1 de julho de 2024

MUNICÍPIO DE SEABRA - PARTE I

 

(CAMARA DE VEREADORES DE SEABRA)

(PREFEITURA DE SEABRA)



 

MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

MUNICÍPIO DE SEABRA - Parte I

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com

 

INTRODUÇÃO

 

       Seabra é um grande e importante Município do Estado da Bahia. Espalha seus raios de influência para toda a região. Está localizado na parte central do Estado da Bahia e encravado no alto das montanhas na parte centro-Norte da Chapada Diamantina, em altitude aproximada de 930 m. Seu território se estende por uma área de 2.402,17 km² e a população em 2016 foi estimada em 45.395 habitantes. (1)

       Conforme informativo/2017 da ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre Seabra e Salvador é de 460 km. Seabra possui clima aprazível com temperatura média de 22º C. Entre os dias 15 de junho a 15 de agosto, a temperatura durante a noite desce e poderá chegar aos 9º C. Nos meses mais quentes a temperatura máxima chega a 33º C.

        No território do Município de Seabra destaca-se a serra da Cotréia com 1.120 metros de altitude. A vegetação é considerada um misto entre mata atlântica nos vales e grotões (2) com cerrado e caatinga, em outras partes. Até maio de 1889 as terras deste vasto Município pertenciam ao Município de Lençóis.

      Anteriormente a sede do Município teve outros nomes, mas Seabra, o nome atual, foi adotado em homenagem ao ex-governador J. J. Seabra - Dr. José Joaquim Seabra – o homem que governou o Estado da Bahia, eleito duas vezes. O nome Seabra é bem-aceito por todos. É nome de fácil pronúncia.

       A cidade de Seabra é considerada a capital da Chapada Diamantina. Está bem localizada às margens da BR-242, que liga Salvador a Brasília com o prolongamento da BR-324 (de Feira de Santana a Salvador). Além de ser a maior cidade da região, Seabra exerce grande influência no comércio dos Municípios das redondezas com a compra, venda e distribuição da produção de frutas, cereais e outras mercadorias. Exerce grande influência como polo educacional e de assistência médica regional. Seabra é conhecida no cenário regional e nacional pelo ecoturismo. O Município apresenta muitos pontos com atrações turísticas e muitas festas folclóricas. No centro da cidade encontra-se a Praça Luiz Henrique Xavier, onde foi erigido um monumento (simples, mas de grande significado), chamado de “Marco Zero”, que representa o centro geográfico do Estado da Bahia. A cidade abriga a sede regional de muitos órgãos estaduais, federais e de várias autarquias e fundações. 

        No final do século XIX para início do século XX estava em vigor no interior do Brasil, principalmente na parte do sertão brasileiro, que vai do Norte de Minas Gerais até o Maranhão, o sistema chamado de coronelismo. (3) Esse termo refere-se à influência dos coronéis do sertão na política brasileira. Naquele tempo o governo central não tinha condições para sustentar uma estrutura com forças militares permanentes no vasto interior do País. O coronelismo, pode-se dizer, era uma espécie de força reserva ou força auxiliar.

        Aqui na Chapada Diamantina muitos coronéis se destacaram. O Coronel Horácio de Matos foi um homem de grande influência política e social em Lençóis, Seabra  e na maior parte da Chapada Diamantina. Em 1926 teve início, nesta parte do sertão, o movimento para arregimentar forças com a finalidade de lutar contra a Coluna Prestes. A “Coluna”- foi um movimento revolucionário que agitou o Brasil de 1923 a 1927 e  com maior intensidade de 1924 a 1927,  fazendo uma marcha guerrilheira progressiva a partir do Sul do Brasil. Percorreu milhares de km. e se ramificou, tendo em vista conseguir adesões ao movimento contra o governo do presidente Arthur Bernardes.

       A coluna era composta de militares oriundos do tenentismo (4) e de civis, todos bem armados. Era comandada por Luiz Carlos Prestes, engenheiro (ex-tenente do exército). Na sua marcha a Coluna percorreu vários Estados do Brasil. Passou pelo Estado da Bahia e ao chegar à região de Morro do Chapéu muitos elementos do grupo se comportaram como vândalos, saqueando lojas, inclusive a casa comercial do Coronel Manoel Quirino Matos. Este, mesmo com poucos homens, atacou a Coluna Prestes, feriu muitos guerrilheiros e causou a baixa definitiva de outros. (5) Parte da Coluna prosseguiu na marcha e “em março de 1926 entrou em Barra do Mendes”. Matou dois homens, parentes do Coronel Horácio. Não demorou muito e o coronel tomou as providências. Apoiado pelo governador e credenciado pelas autoridades federais, organizou o Batalhão Patriótico Lavras Diamantina, composto de 560 homens bem armados, e partiu na direção de Goiás para atacar a famosa Coluna Prestes. Perseguiu-a e travou muitos combates, causando muitas baixas, forçando a Coluna deixar o Brasil e entrar na Bolívia, em busca de refúgio.

     Retornemos à história de Seabra. Por influência do coronel Horácio de Matos, a cidade de Cochó do Pega (ou São Sebastião do Cochó), teve o nome mudado para Doutor Seabra, em homenagem ao ex-governador do Estado da Bahia - Dr. José Joaquim Seabra, eleito pelo povo. Ele exerceu o mandato por dois períodos. Mas, antes de ser favorecida com o nome de Seabra, este lugar, desde quando ainda era um povoado, já teve vários outros nomes, como: Passagem Bonita de N. Sra. de Jacobina, São Sebastião do Cochó, Campestre (que era a sede do Município), Cochó do Pega, Doutor Seabra. (6) E, finalmente a partir de 1931 o nome atual - Seabra. 

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(1) Relatório IBGE/Cidades/Bahia/Seabra. Acesso em 30/12/2016.

(2)   Contos dos Sertões, Pág. 178 (1912), Viriato Correia, jurista, deputado e escritor maranhense. Pequena abertura em alguns trechos das margens de um córrego.

(3)    Coronelismo - termo que se refere aos coronéis do sertão. Patente criada pela Guarda Nacional no tempo do Governo Imperial, formada em 1831. Eram nomeados com a patente de coronel homens de grande influência na política regional. Geralmente a           patente era concedida a fazendeiros de grande carisma e prestígio – que possuíam o dom da iniciativa, poder econômico e notoriedade entre os habitantes da região. Ao receber a patente, o novo coronel recebia também a farda, a espada e as insígnias,           que simbolizavam poder, deveres e privilégios legais. O coronelismo foi extinto após 1930, no governo do presidente Getúlio Vargas, com leis combatendo as oligarquias regionais. Mas, por causa do prestígio, alguns coronéis seguiram ostentando poder           político até 1945/1950 - Enciclopédia Barsa, vol. 6 pág. 32 – Encycl. Britannica do Brasil Public. Ltda. 1995.

(4)   Tenentismo – Movimento político-militar de oficiais das Forças Armadas do Brasil e alguns civis, que no início da década de 1920 questionavam a estrutura administrativa e as práticas políticas do Governo Federal. Entre os principais integrantes do           movimento estavam Luiz Carlos Prestes, Juarez Távora, Siqueira Campos, Eduardo Gomes e Juraci Magalhães. Enciclopédia           Universo, parte sobre o Brasil.

(5)     Coronelismo no Antigo Fundão de Brotas, 5a. edição pág. 82. Livro escrito pelo Dr. Mário Ribeiro Martins. Editora Kelps, Goiânia- GO,  2010.

(6)    Nome em homenagem ao Dr. José Joaquim Seabra, governador do Estado da Bahia por dois períodos: 1912/1916 e 1920/1924. Foi um político influente no âmbito nacional. Enciclopédia Barsa, vol. 3 pág. 409 – Encycl. Britannica do Brasil Public. Ltda., 1995.

 

EMANCIPAÇÃO POLÍTIC0-ADMINISTRATIVA

                                                                     Os primeiros habitantes humanos das terras deste Município foram os índios. As tribos tupis constituíam grande nação de índios composta por cerca de 200 tribos espalhadas por várias regiões do litoral brasileiro e alguns países da América Central. Os tupis preferiam as terras costeiras à beira mar. Os tupiguás habitavam as terras do sertão da Bahia. Os Tapuias constituíam a nação de índios que habitavam nas terras do sertão. Tapuias ou tapuios, essa foi a designação genérica dada pelos índios da nação Tupi (tupinambás) para os índios considerados como inimigos, que viviam nas terras do interior, muito além do litoral. Pertenciam a outros troncos linguísticos. (1)

       À medida que a colonização do Brasil pelos portugueses se intensificou e avançou, os índios foram lentamente “empurradas” ou forçadas a abandonar a região litorânea, seguindo para outras partes e até para territórios que atualmente pertencem a outros países.

(1)   Tupiguás e Tapuias – tribos indígenas do sertão. Enciclopédia Universo, vol.VI pág. 2736 – Editora Delta e Editora Três, 1973 e Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa – Caldas Aulete, pág. 5138 – Edit. Delta 1958.

 

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Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.

 

SOBRE O AUTOR:

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.

Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.


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