TROVAS DE J. G. ARAÚJO JORGE
Amor que sofro, que almejo,
mata-me logo de vez!
Longe que estejas, te vejo,
ao teu lado, nem me vês...
Ao ler uma bela trova
depois que pronta ficou,
- quem calcula a dura prova
por que o poeta passou?
A poesia que desejo
tiro de mim como aquela
cantiga do realejo
se alguém roda a manivela…
A saudade é este vazio
que a vida, ao partir, deixou;
rio seco, que foi rio,
porque a água já secou...
A saudade, intimamente,
devagarzinho nos rói;
é uma emoção diferente,
como uma dor que não dói.
(ENCANTO DE TROVAS, TOMO VIII, VOL. II, JOSÉ FELDMAN)
