O LÍRIO
Valfredo Martins
Irmão das ninfas, ser dos deuses consanguíneo
passa na terra hostil, lívido como um duende,
fugindo à ira do fogo, o fogo do extermínio
que nos céus tropicais o sol do estio acende.
Pelas noites de glória, do mágico fascínio
das flamas de cristal que o estrelário suspende,
do alto da palma de ouro, alígero e apolíneo,
como um pássaro branco, irisado resplende.
Flor dos brasões dos reis, da herdidica dos gênios,
murcha rolou no pó. Mas, no tempo aureolado
paira eterno um instante o curso dos milênios.
Foi no auge da tragédia, aos gestos do martírio,
que Madalena viu Jesus ensanguentado
na haste negra da cruz transformar-se num lírio.
(JORNAL "O NORTE FLUMINENSE", SETEMBRO DE 2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário