O ACENDEDOR DE LAMPIÕES é um soneto antológico e traz uma advertência bastante atual:
O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
JORGE DE LIMA - Alagoas (1895-1953)
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Esse mesmo que vem, invariavelmente,
parodiar o sol e associar-se à lua,
quando a sombra da noite enegrece o poente.
Um, dois, três lampiões acende e continua
outros mais a acender, imperturbavelmente,
à medida que a noite, aos poucos, se acentua
e a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita!
Ele, que doura a noite e ilumina a cidade,
talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
crenças, religião, amor, felicidade,
como esse acendedor de lampiões da rua!
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