sexta-feira, 3 de maio de 2024

CONFIDENTE

 



 

CONFIDENTE

Filemon Martins

 

 

Velho mar, meu eterno confidente,

quantas vezes chorei ao confessar:

esta mágoa que fere, inconsequente,

e o tempo que não pode mais voltar.

 

E me dizes assim, naturalmente:

- só o amor é capaz de me curar,

enquanto tuas ondas, mansamente,

os meus pés, com carinho, vêm beijar.

 

Exerces sobre mim grande fascínio,

porque tens sobre todos o domínio

e és tão frio nas tuas mutações.

 

Ao contrário de ti, eu sofro tanto,

e fico aqui a derramar meu pranto,

onde sepulto as minhas ilusões!


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