segunda-feira, 29 de abril de 2024

MUNICÍPIO DE MACAÚBAS - PARTE IV

 


 Amostra da pedra “mármore azul” exposta na praça central.                                  

 



 

MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

MUNICÍPIO DE MACAÚBAS (Parte IV)

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com       

 

 

ECONOMIA DO MUNICÍPIO

                                          

O Município de Macaúbas está situado num território com características físicas variadas e bem definidas, com serras e alguns trechos de chapadões. Dizem os moradores mais antigos, os nonagenários ou mais idosos, que Macaúbas e seus arredores estão destinados ao progresso. Possui muitas serras com grande potencial de minérios que podem produzir bons resultados para a economia local e nacional. Alguns minérios estão em fase de exploração, outros estão mapeados para futura exploração.

Os políticos locais passaram a ter uma visão mais adequada aos tempos modernos, de modo que cada liderança política que assume o poder não quer fazer menos do que a anterior. Trabalham para fazer uma administração igual ou melhor do que as administrações anteriores. Seguindo esse modelo, Macaúbas passou a ser vista de forma diferente, não só pelos políticos e órgãos públicos locais, estaduais e federais, mas também pela classe empresarial. Assim, todos são beneficiados: o povo, os novos empreendedores e os políticos.

A cidade possui muitos bairros. Observa-se que novos loteamentos e novas construções em andamento dão um novo aspecto na paisagem urbana da cidade de Macaúbas. Tudo isso indica crescimento urbano e econômico. O comércio varejista mais intenso está no centro da cidade. Em alguns cruzamentos no centro da cidade estão instalados semáforos (sinais, semáforos ou faróis de trânsito), o que indica maior movimento e controle do tráfego de automóveis. Os Distritos de Lagoa Clara e Canatiba também mostram um  comércio considerável.

Nas montanhas do Município os elementos que não faltam são as rochas (pedras, massa compacta). Existem pedras nas diversas variedades, como pedra ardósia, pedra de amolar, pedras do tipo laje natural para a construção civil, pedras brancas arredondadas utilizadas como ornamento e muitas outras. Além disso, muitas pedras apresentam tonalidades ou teor metálico para fins industriais. Está em operação, através de empresas mineradoras com engenharia especializada, a prospecção e a extração do mármore azul. Existe grande potencial com vários minerais. Entretanto as riquezas minerais não duram eternamente e portanto, necessário é aproveitá-las com Inteligência e preparar o Município para o pós-exploração. Certamente muita coisa ainda será descoberta em termos de potencial mineral.

A sede do Município apresenta muitas construções modernas com arquitetura arrojada. Por aqui ainda se encontram muitos casarões que guardam e contam a história local e regional. Existem algumas edificações da época do império, porém bem conservadas. Nos últimos anos a movimentação comercial vem despertando o interesse de redes varejistas de âmbito estadual e nacional. A zona rural apresenta boa produção, mas há espaço para melhorar. Atualmente, enfrentando os problemas provocados pela estiagem, os habitantes da zona rural estão desenvolvendo lavouras irrigadas, usando o sistema racional moderno. Mas ainda há lavradores e sitiantes querendo tocar lavouras do mesmo modo como faziam seus bisavós. Vales, outeiros e grotões gerais são utilizados para o plantio de hortaliças e árvores de frutas tropicais.

A colheita de frutas silvestres apresenta bons números pela produção de umbus, pequis, mangabas e outros frutos. Nas lavouras permanentes e temporárias destacam-se os resultados com a produção de banana, manga, feijão, mandioca, maracujá e outras lavouras. Cultivam-se também lavouras de outros produtos, como milho, cebola, etc. Os relatórios apontam que em 2017 a produção de feijão atingiu 1.096 ton.

Os moradores da zona rural afirmam que 2016 e 2017 não foram anos bons de chuvas, trazendo perdas ou baixa produtividade das lavouras e do pasto para os animais. Os principais criatórios são os rebanhos de gado bovino, ovino e suíno. Os relatórios de 2017 mostram um rebanho total de 33.243 cabeças de gado bovino. O governo do Estado da Bahia, através da Seagri – Secretaria de Agricultura e da ADAB – Ag. do Desenvolvimento Agropecuário, reforça a obrigatoriedade de vacinar o rebanho e manter a sanidade dos animais. (1) O setor agropecuário é muito importante para o Município.

Há muitos anos houve períodos de estagnação, mas nas últimas três décadas o Município tomou o rumo do desenvolvimento. É preciso prosseguir nessa direção. O caminho é longo, mas os objetivos oferecem oportunidades. Ao desabafar e soltar suas ideias, um frentista num posto de gasolina localizado aqui no centro da cidade afirmou o seguinte: Nós precisamos encontrar nos supermercados muitos produtos simples, porém que sejam fabricados aqui mesmo. Nota-se que são palavras que expressam desejo de progresso.

Percebe-se que é necessário o surgimento e a formação de pessoas com espírito empreendedor. Aqui em Macaúbas, como também em todos os Municípios da Chapada Diamantina, percebe-se esta grande necessidade. Normalmente o empreendedor toma iniciativa, abre empresas, cria vagas de trabalho e assim promove o desenvolvimento. É disso quo o Município precisa. O empreendedor está sempre criando novos produtos e métodos para produzi-los mais e melhor.

Outro fator digno de nota e muito importante para a economia deste Município é a feira (feira-livre). A feira é um instrumento muito útil para os moradores e é um assunto tradicional em todo o Nordeste Brasileiro. A feira aproxima vendedores de compradores e vice-versa. Pessoas da cidade e da zona rural são atraídas para o local deste evento semanal. Aqui esse costume vem desde os últimos anos do século XIX. A feira é um instrumento importante para a economia local. Vendedores, compradores e o povo em geral se reúnem dentro e fora do mercado. Nota-se, principalmente no dia da feira, que os moradores da zona rural trazem seus produtos para expô-los à venda, aproveitam para ir ao banco conversar com o gerente e fazer as transações bancárias. Também é um dia apropriado para encontrar e conversar com parentes e amigos. A feira começa na sexta feira com exposição e venda de alguns produtos, mas intensifica-se no sábado. Na verdade a feira de Macaúbas, mesmo que seja em menor escala, se apresenta bem frequentada todos os dias.

No interior do Estado da Bahia, encontramos várias cidades onde são realizadas duas ou mais feiras por semana, porém em dias e bairros diferentes, determinados pela Prefeitura, sempre visando criar empregos e facilitar o encontro entre comerciantes e consumidores, ou seja: aproximar vendedores de compradores e vice-versa. Tudo deve ser feito de modo planejado tendo em vista pelo menos três objetivos:

a) Facilitar o encontro entre vendedores e consumidores.

b)    Criar mais oportunidades para todos.

c)    Criar mais vagas de trabalho para o povo.

 

Fiquei muito contente ao conversar com um senhor que trabalha na feira de Macaúbas. Ouvi aquele homem trabalhador dizer o seguinte:

“A feira é patrimônio do povo. Merece respeito e precisa ser reforçada, melhorada e ampliada”.

Realmente, percebemos que a feira é considerada como um “instrumento de ganha-pão” para muitas famílias. A Prefeitura do Município não nos forneceu os números, mas certamente aqui em Macaúbas a feira consegue produzir mais de 300 empregos diretos e indiretos.

A pesquisa e a cultura no seu mais alto grau são fatores indispensáveis para alavancar o desenvolvimento. Macaúbas pode contar com a Fundação Cultural Prof. Mota, que é algo extraordinário e que merece um capítulo à parte. Não temos espaço para tanto, mas queremos expressar, em poucas palavras, o seguinte: Seu presidente e criador: o Prof. Dr. Ático Vilas-Boas da Mota. Foi instalada em 16/08/1972 e ampliada a partir da criação e inauguração do Museu Regional de Macaúbas em 1988. É uma instituição que não visa o lucro, mas sim o desenvolvimento cultural e intelectual do povo. Tem como patrono o Professor José Batista da Mota. Coloca farto material para pesquisas à disposição dos estudantes, professores e de todas as pessoas interessadas nos fatos históricos e científicos da Bahia, do Brasil e do mundo. Essa instituição exerce grande influência e tem uma admirável história de apoio à cultura do povo macaubense e dos Municípios vizinhos. Os estudantes e professores proclamam: “os idealizadores da Fundação levantaram bem alto a bandeira de Macaúbas”.

Artesanato - convém relatar que trabalhos em serigrafia e produtos artesanais feitos com argila, madeira, tecido, papelão e outros materiais são desenvolvidas por artesãos locais e colocados à venda nesta cidade e em outras cidades. Já observei a presença de alguns produtos de Macaúbas colocados para venda em Bom Jesus da Lapa, na época da romaria.

 

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 Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.

 

 (1)  Gazeta do Vale (jornal de Itaberaba – BA.), de abril/maio de 2016.

 

SOBRE O AUTOR:

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.

Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

 


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