(FOTO DO PRIMO SANDRO, IPUPIARA, BAHIA)
MEU
VERSO QUASE CORDEL
Filemon
Martins
Meu
verso vem do Nordeste,
vem
do roçado, vem do Sertão,
vem
das veredas lá do agreste,
vem
das cacimbas e dos grotões.
Meu
verso vem dos garimpos,
das
catras dos garimpeiros,
da
coragem dos vaqueiros
vestidos
no seu gibão.
Vem
do sereno da noite
do
perfume do Sertão.
Meu
verso simples, sem medo,
vem
do sítio, do rochedo,
vem
do povo do Sertão,
que
com a luz do arrebol
trabalha
de sol a sol
para
ganhar o seu pão.
Vem
da Serra do Carranca
onde
a beleza não manca,
e
a onça faz sentinela.
Da
Serra da Mangabeira
onde
a Lua vem brejeira
tecer
a renda mais bela.
Meu
verso vem da goiaba,
do
puçá e da mangaba,
da
seriguela e do mamão.
Da
pinha e da acerola,
da
atemóia e graviola
plantadas no roçadão.
Nasceu
na bela Umbaúba,
Boa
Vista, Bela Sombra,
na
Lagoa de Prudente,
na
Chiquita e no Vanique,
onde
há muito xique-xique
e
o sol parece mais quente.
Brejões,
Lagoa do Barro,
Santo
Antonio, Traçadal,
Olho
D´Água, Rio Verde,
Baixa
dos Marques, Coxim,
Ibipetum,
depois Pintada,
onde
passa a velha estrada,
Zequinha
e Lamarca morreram.
Sodrelândia,
Deus me Livre,
Pé
de Serra, Poço da Areia,
Riacho
das Telhas também.
Poço
do Cavalo, Matinha,
Mata
do Evaristo e Veríssimo,
Olhodaguinha
e Ipupiara.
Meu
verso nasceu no mato,
não
tem brilho, nem ornato,
vem
do Morro do Mocó,
da
Serra do Sincorá,
vem
do morro do Araçá,
nasceu
pobre e vive só...
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