UM SER
Cruz e Sousa
Um ser na placidez da Luz habita,
entre os mistérios inefáveis mora
sente florir nas lágrimas que chora
a alma serena, celestial, bendita.
Um ser pertence à música infinita
das Esferas, pertence a luz sonora
das estrelas do Azul e hora por hora
na Natureza virginal palpita.
Um ser desdenha das fatais poeiras,
dos miseráveis ouropéis mundanos
e de todas as frívolas cegueiras...
Ele passa, atravessa entre os humanos,
como a vida das vidas forasteiras,
fecundada nos próprios desenganos.
(LIVRO "GRANDES SONETOS DA NOSSA LÍNGUA", PÁGINA 113)
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