terça-feira, 5 de dezembro de 2023

MUNICÍPIO DE BARRA DA ESTIVA - PARTE III

 



MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA 

 

MUNICÍPIO  DE  BARRA DA ESTIVA (Parte III) 


Saul Ribeiro dos Santos 

 

ECONOMIA  DO  MUNICÍPIO 

 

        Este Município ostenta números significativos da produção nas lavouras temporárias e permanentes tabuladas pelo IBGE. O clima frio favorece ao desenvolvimento das plantações. Aqui encontramos lavouras consideradas comuns em todos os Municípios, como as de milho, feijão, mandioca e batata-doce. A lavoura de caráter comercial mais antiga desenvolvida no Município é a cultura do café. Lavouras de tomate, maracujá, banana e outras frutas estão progredindo e apresentam boa produção e bons lucros. 

 

      As lavouras de morangos foram iniciadas recentemente nas terras deste Município. O plantio da fruta começou nos anos 2013/2015, mas encontrou clima e solo fértil e está mudando a vida de muitos agricultores. Com o apoio do Banco do Nordeste, do Sebrae e outros órgãos governamentais as plantações estão em franco desenvolvimento. Todos estão experimentando um ciclo de desenvolvimento. Por ser uma lavoura nova, as informações relativas à produção foram obtidos no escritório de um engenheiro agrônomo, no centro da cidade. 

 

    Também é digna de nota a pecuária. Certamente há espaço para aprimoramento dos rebanhos. O mercado consumidor está à espera dos melhores produtos e está cada vez mais exigente. É necessário atender, comprovadamente, as orientações das autoridades quanto ao trato da saúde dos animais. Vacinas no tempo certo e outras exigências do setor governamental competente não podem ser esquecidas. 

 

        Prosperar é a palavra-chave. O Sebrae é um órgão importante que está pronto para dar apoio e orientações. As autoridades podem dar apoio aos empresários. É necessário gerar emprego e renda. Se não tomar as providências necessárias, os jovens e até famílias inteiras vão para outras regiões, para outros Estados e o Município aqui vai perdendo seus cidadãos – a população pode diminuir. Percebe-se que é necessário criar oportunidades para o desenvolvimento de atividades produtivas. Os investimentos, quer sejam vultosos ou não, ajudam a criar empregos no Município. Os nossos governantes precisam ir além do trivial. 

 

      Os moradores mais antigos dizem que a cultura do café foi introduzida nestas terras por um senhor com o nome Aprígio de Freitas, que veio de Caetité em 1867 para cadastrar e recrutar homens do povoado para lutar na Guerra do Paraguai. O café, desde o final do século XIX sempre foi um produto agrícola de grande peso na balança comercial do Brasil. Até meados do século XX a pauta dos produtos de exportação teve como base a produção de café. Mas o produto exportado era o produzido pelos barões do café. De 1970 para cá a exportação passou a ser baseada no café produzido pelas grandes empresas agrícolas, experientes na produção e na exportação. O abastecimento regional fica por conta dos pequenos produtores. 

 

        Contudo, o preço do café nem sempre esteve em escala ascendente. O prof. e economista Celso Furtado informa que em 1937 o preço desse produto era o mesmo de 1934 e menor do que o de 1932.(1) Isso acontece de tempos em tempos com o café e outros produtos agrícolas. Após a 1ª Guerra Mundial a demanda internacional pelo café aumentou consideravelmente. A crise da Bolsa de Nova York em 1929 derrubou o preço do produto. Outros conflitos bélicos prolongados trouxeram dificuldades para os grandes produtores. 

 

       Aqui no Município de Barra da Estiva, a partir de 1950 a área plantada e a produção começaram a aumentar. Entre 1965 e 1980 chegaram engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas vindos do Sudeste do Brasil para orientar os plantadores de café no desenvolvimento das lavouras. A palavra café vem da língua árabe, kaffa, que é uma planta originária ou proveniente da Etiópia, onde se encontrava de forma nativa (silvestre). No Brasil, admite-se que as primeiras sementes chegaram ao Estado do Pará trazidas da Guiana Francesa pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta, em 1727. O café continua sendo uma das riquezas essenciais das regiões produtoras, como é o caso de Barra da Estiva e de outros Municípios da Bahia e de outros Estados do Brasil. 

 

     Mas, além do café, o Município de Barra da Estiva apresenta outros produtos importantes. São desenvolvidas outras atividades. Nos arredores da cidade de Barra da Estiva encontra-se o parque de exposições. Nos dias 28 a 30 de abril de 2016 foram realizados o VIII encontro de Produtores Rurais e a IV Exposição de Animais de Barra de Estava e Região. É sempre bom participar de eventos semelhantes. 

 

      Percebe-se que nesta parte da Chapada Diamantina há espaço para a atuação de novos empreendedores. Normalmente o empreendedor é uma pessoa ativa, criativa e corajosa. É um agente do progresso. O empreendedor está sempre planejando e criando novos produtos, novos métodos de produção e descobrindo novos mercados para a colocação dos seus produtos. Geralmente uma empresa é iniciada por um ou mais empreendedores (uma sociedade) que somam recursos financeiros e técnicos e procuram vencer as barreiras que a empresa enfrenta. A maioria das empresas começa explorando um nicho de mercado (seguimento do mercado consumidor pouco explorado) e para crescer precisa vencer as barreiras do esgotamento do nicho, isto é, expandir-se além dos limites dessas barreiras.(2) 

 

      O Rio Paraguaçu nasce na Serra do Cocal neste Município e é um fator importante para a economia. Suas águas descem montanhas, passam por planícies, irrigam lavouras e abastecem muitas cidades ao longo dos seus 581 km. até chegarem na sua foz na Baia de Todos os Santos. 

 

      As principais lavouras neste Município são, entre outras, café, mandioca, maracujá, banana, manga, tangerina e tomate. Nota-se que, devido ao clima, é expressiva a produção de café. Os principais criatórios são os rebanhos de gado bovino, ovino e suíno. Em 2017 a produção de mel de abelhas atingiu o total de 2.500 kg. Os apicultores dizem que ir muito além desse total. 

 

      Outro fator importante para a economia deste Município é a feira (feira livre). A feira é realizada semanalmente na 6ª feira e no sábado, mas sempre na mesma praça. Na sexta-feira começa a montagem das barracas e exposição de alguns produtos. Também é nesse dia em que os moradores dos sítios e povoados aproveitam para ir ao banco e realizar as transações financeiras. Há Municípios do mesmo porte de Barra da Estiva que realizam duas ou mais feiras, porém cada feira em bairros e dias diferentes, determinados pela Prefeitura, tendo em vista facilitar o encontro entre vendedores e consumidores. O ideal, segundo dizem, é realizar o evento mais próximo dos consumidores. Nas cidades maiores, como Vitória da Conquista, Barreiras, Bom Jesus da Lapa e outras, são realizadas várias feiras. É um evento que proporciona a geração de milhares de empregos. Aqui em Barra da Estiva a feira consegue produzir mais de 300 empregos diretos e indiretos. 

 

       Todo homem e mulher devem ser educados a fazer trabalho prático e útil. Devem todos aprender algum ofício. Pode ser a fabricação de tendas, pode ser qualquer outra ocupação (fabricação de roupas, calçados, móveis, serviços), mas todos devem estar preparados para usar suas faculdades para fins lícitos.(3) Percebe-se que no Município existem muitos jovens com espírito empreendedor. Estão em busca de oportunidades para, em sociedade, abrir empresas e produzir utensílios, demonstrar produção, gerando assim emprego e renda. As receitas financeiras e a vida do Município melhoram com mais pessoas trabalhando.   

 

         Aos empreendedores locais é de toda conveniência visitar feiras e exposições da pequena e média indústria. Em Salvador, Barreiras, Feira de Santana, São Paulo e outras cidades, feiras e exposições de máquinas agrícolas, feiras e exposições com orientações para micros e pequenas empresas são realizadas todos os anos. 

 

        De acordo com informações das lideranças políticas de Barra da Estiva, existe projeto em andamento, tendo em vista a construção de um terminal rodoviário (uma estação rodoviária) que será construída em local de fácil acesso para ônibus e passageiros. Por enquanto o que existe são agências das empresas de transportes coletivos (lojas de venda de passagens e despachos de encomendas). 

 

    Nota-se um diligente tráfego de veículos entre este Município e seus vizinhos congêneres, principalmente entre Ibicoara, Ituaçu e Brumado. O povo está esperançoso da aprovação e construção da rodovia asfaltada entre Barra da Estiva e Iramaia. 

 

      A Prefeitura coloca à disposição dos interessados uma lista dos pontos turísticos do Município. Para orientar os turistas e viajantes a cidade dispõe de guias turísticos, hotéis e pousadas suficientes para atender à demanda. 

 

    Outras informações sobre este importante tema você vai encontrar em páginas anteriores, na parte sobre economia da região.

 

 

Este texto é parte integrante do livro Chapada Diamantina, em elaboração. 

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    (1)     Ronald  Jean Degen, engenheiro em automação pela Escola Politécnica de

Zurique e mestre em adm. de empresas. Foi durante muito tempo Diretor Superintendente da ABC Abril – Listas Telefônicas – LISTEL. Em seu livro O Empreendedor –  Fundamentos da Iniciativa Empresarial. Editora McGraw-Hill Ltda. São Paulo – 1989. 

 

    (2)     Celso Furtado, (1920/2004) nasceu na cidade de Pombal – PB. Foi um grande economista, professor, 

              doutor em economia pela universidade de Sorbonne, na França. A convite do Pres. Juscelino Kubitschek idealizou e implantou a Sudene – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste. Foi Ministro do Planejamento, autor de vários  livros sobre economia. Em seu excelente livro:  Formação Econômica do Brasil, 31ª. edição, pág. n° 187 – Cia. Editora Nacional – 2003, tece ótimos comentários sobre a produção, comercialização e exportação do café brasileiro. 

 

     (3)     Ellen G. White, em seu livro Administração Eficaz - Como Multiplicar os Recursos com Sabedoria, pág. n° 165. Casa  Publicadora Brasileira – 2002. 




SOBRE O AUTOR:

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.

Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

 

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