SONETO DA DESINSPIRAÇÃO
Miguel Russowsky
A solidão, que sabe o seu lugar,
toma a caneta e espera no desvio...
(Devo fazer o que, se estou vazio?
Sumir? Propor? Mover? Mentir? Sonhar?)
Um zero, muito estúpido e sem brio,
começa, de repente, a circular...
Eu sou de boa fé, deixá-lo entrar
faz parte deste tema doentio.
Absurdo em versos, pode ser um erro?
Se for, vou propiciar o seu enterro
com flores e orações de rimas... - Vede!
... E enquanto estou ruindo, a noite insone
escuta, de soslaio, o telefone
e o relógio sem vida na parede.
(LIVRO " CANTARES DE UM VULCÃO QUASE EXTINTO, PÁGINA 44)
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