quinta-feira, 2 de novembro de 2023

SONETO DA DESINSPIRAÇÃO

 



SONETO DA DESINSPIRAÇÃO

Miguel Russowsky


A solidão, que sabe o seu lugar,

toma a caneta e espera no desvio...

(Devo fazer o que, se estou vazio?

Sumir? Propor? Mover? Mentir? Sonhar?)


Um zero, muito estúpido e sem brio,

começa, de repente, a circular...

Eu sou de boa fé, deixá-lo entrar

faz parte deste tema doentio.


Absurdo em versos, pode ser um erro?

Se for, vou propiciar o seu enterro

com flores e orações de rimas... - Vede!


... E enquanto estou ruindo, a noite insone

escuta, de soslaio, o telefone

e o relógio sem vida na parede.


(LIVRO " CANTARES DE UM VULCÃO QUASE EXTINTO, PÁGINA 44)

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