segunda-feira, 13 de novembro de 2023

SEM

 



SEM

Glória Guedes Di Paizzin

 

Uma forma de sofrer, tão íntima, tão intensa.

Neurastenia exclusiva, particular.

Esse não pertencimento, esse vazio...

Como se fosse um estranho no ninho, no lar.

Imperativamente se coloca.

Me afastando de mim, do que quero ser, ou pensar.

Me desloca, desfoca, sem esse sofrimento nomear.


Oscilante, difuso, confuso, com repetição gotejante, singular.

Procuro um sentido pra vida.

Uma filosofia um ideal, sei lá.

Inadequação condensada, avassaladora, sem par.


Teóricos sociais não respondem,  não conseguem explicar.

- Por me caço? 

Me busco e não me acho.

Onde me perdi, onde fui parar.


É desumana essa autoexigência.

Como se me enquadrasse, dentro do alvo.

Para o atirador não errar.

Fragmentos de liberdade, nunca livre.

Marteladamente, continuou, persistente.

Um mito, sem ética, devaneios.

Sem ponderar.


 O grito contido, no breu.

Tatuado, na alma, nunca se afastou, 

não deu trégua, não me esqueceu.


Permanente na parede da memória. 

Zumbizando a me cobrar.

Paranoia antiga.  

A ninguém posso culpar, meandros,  nós, enroscos. 

Eu os coloquei lá. Sem querer, 

Mas nunca os consegui expulsar.



 

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