segunda-feira, 20 de novembro de 2023

MUNICÍPIO DE BARRA DA ESTIVA - PARTE I

 



MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

MUNICÍPIO  DE  BARRA DA ESTIVA (Parte I)

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com


INTRODUÇÃO


       Barra da Estiva é um influente Município do Estado da Bahia. Está localizado na parte Sul da Chapada Diamantina. Seu território se estende por uma área de 1.657,41 km²  e a população em 2016 foi estimada em 22.232 habitantes. (1) Conforme informativo/2017 da ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre Barra da Estiva e Salvador é de 539 km. 

      Antes dos homens ditos civilizados chegarem aqui, as terras que hoje pertencem a este Município eram habitadas pelos índios maracás, tapuios e tupiguás, tribos que passaram a viver no interior da Bahia. (2) Em meados do século XVIII o governador-geral do Brasil-colônia, em entendimento com o Rei de Portugal, observou e defendeu a ideia dizendo que o sertão precisava ser povoado para ficar integrado com a capital. Naquele tempo a cidade de São Salvador e as terras ali próximas eram a parte mais habitada e mais desenvolvida do Brasil. 

       Minas do Rio de Contas, em função da forte produção de ouro, foi o primeiro arraial situado na parte serrana do alto interior da Bahia a receber atenção especial do Rei de Portugal. Com o passar dos anos, pouco a pouco, toda esta região foi beneficiada. Começou a divisão de terras do alto sertão. A sesmaria (terras que o rei de Portugal cedia) desta região pertencia ao oficial designado Casa da Ponte, ou Conde da Ponte, (3) que era um homem com esse título de grande prestígio, autorizado pelo governador como corretor das terras. O condado da Ponte ficava localizado em Jacobina, que era outro centro grande produtor de ouro.

       Aqui nesta parte do sertão as terras foram adquiridas por André da Rocha Pinto, em meados do século XVIII. O Sr. André da Rocha Pinto faleceu, mas seu filho, o Sr. Sebastião da Rocha Pinto, um homem muito rico que gostava de aventuras (se fosse hoje ele seria chamado de grande empreendedor) tomou a decisão de desbravar as terras do sertão e intensificar o povoamento aqui desta parte da região. O objetivo era desenvolver as atividades de lavouras e criação de gado. Para as terras que demarcou ele denominou-as de Brejo Grande, que tempos depois tomou o nome de Capão. 

      Bem mais tarde o Sr. Sebastião da Rocha Pinto faleceu. O Conde da Ponte, que era o possuidor das terras, reclamou seus direitos com os herdeiros do Sr. Sebastião. Conforme informações, terminaram a questão fazendo um acordo que foi bom para as duas partes. Mais tarde, o povoado teve o nome mudado para Barra da Estiva. Mas por que Barra da Estiva? Por dentro do povoado passavam (como ainda hoje passam) dois pequenos rios: o Rio Estiva e o Rio da Prata. 

      Estiva é uma palavra que se relaciona com embarcações e águas. Ali bem perto, aproximadamente a meia légua (4) de distância, estava a Fazenda Barra. O nome “Barra da Estiva” surgiu provavelmente pelo fato de que com as cheias, devido a chuvas torrenciais, o Rio Estiva transbordava e duplicava a profundidade, impedindo por alguns dias a passagem de tropeiros, mascates e outros viajantes. Barrar significa impedir a passagem. Mais tarde os moradores do povoado construíram uma ponte de madeira para que os transeuntes pudessem passar. 

     O clima neste Município é agradável e as condições do terreno favorecem o desenvolvimento de lavouras, com destaque para as lavouras de café, maracujá e morango. A vegetação predominante é baixa, mas encontram-se muitas árvores madeira-de-lei, como pau d’arco, umburana, ipê, baraúna e outras. Nos vales existentes no Município encontram-se plantas consideradas medicinais, como jurubeba, batata-de-purga, carapiá, malva silvestre e outras. O município pertence à bacia hidrográfica do Rio Paraguaçu. Os principais rios são o Rio Paraguaçu, Rio de Contas e o Sincorá. O Rio Paraguaçu percorre muitos municípios seguindo por aproximadamente 581 km. até desembocar na Bahia de Todos os Santos, no Oceano Atlântico. 

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        (1)    Relatório IBGE/Cidades/Bahia/Barra da estiva, acesso em 26/12/2017

       (2)     Índios Tupiguás e Tapuias. Enciclopédia Universo, vol. VI pág. 2.736 – Editora Delta e Editora Três – 1973; Caldas Aulete – Dicionário  Contemporâneo da Língua Portuguesa, vol. V, Editora Delta 1958. Os maracás viviam nos vales, entre as Serras do Sincorá.

       (3)    Título de nobreza concedido pelo Rei a pessoas notáveis, muito importantes.

       (4)    Légua, antiga medida itinerária para medir distância (caminho). Vigorou até o início do século XX, com aproximadamente 6 km. de extensão.   


EMANCIPAÇÃO  POLÍTICO-ADMINISTRATIVA


     A história deste Município tem origem nos primeiros anos do século XVIII, época em que as precipitações climáticas eram mais favoráveis bem diferentes com as que presenciamos neste século XXI. A hidrologia se esforça para explicar esse fenômeno. 

  O Sr. Sebastião da Rocha Pinto, homem que enxergava o futuro, percebeu que as terras desta parte do sertão eram boas para a formação de pastos e criação de gado. Outra percepção que ele teve foi que os vales e grotões com aberturas nas margens de rios, fazendo a água se espalhar - Contos do Sertão, Viriato Correia, eram apropriados para a cultura de grãos e frutas. Resolveu, então, incentivar o povoamento da região e assim foi formado o povoado de Capão ou Capão da Mata. Uma parte das terras estava em local que mais tarde tomou o nome de Brejo Grande. Tempos depois surgiram outros povoados, como Geraiszinhos, Ponte da Pedra e outros. 

  Nos tempos primórdios deste Município, tudo começou no arraial que recebeu o nome Triunpho. Esse local foi tomando a dianteira, onde era realizada uma pequena feira. O povoado de Capão ou Capão da Mata Redonda também foi se desenvolvendo. Mais tarde o nome Barra da Estiva tornou-se bem-aceito. As primeiras casas surgiram na faixa de terra onde hoje está localizado o centro da cidade. Foi construída uma pequena Igreja Católica para adoração ao Bom Jesus (até hoje padroeiro da cidade). A pequena igreja deu lugar a uma igreja mais ampla, onde atualmente está edificada a Igreja Matriz. Muitas pessoas afirmam que o primeiro vigário da capela foi o padre Firmino José Figueiredo. Outros afirmam que foi o Padre Antônio de Pádua. As atividades religiosas eram intensas. Outra atividade não menos importante é que em volta da capela foram se desenvolvendo as atividades do comércio de vários produtos, inclusive os produzidos nas roças das redondezas.


Este texto é parte integrante do livro Chapada Diamantina, em elaboração.

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SOBRE O AUTOR:

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.

Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.


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