MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO DE ANDARAÍ (Parte IV)
Saul Ribeiro dos Santos
📧saul.ribeiro1945@gmail.com
ECONOMIA DO MUNICÍPIO
Andaraí passou por um período de grande opulência. Foi a época dos bons tempos. Corria muito dinheiro proveniente do comércio de pedras preciosas, especialmente o comércio de ouro e diamantes. O auge começou na época do império, quando o imperador D. Pedro II comandava a política nacional. A riqueza ocasionou a formação e desenvolvimento da vila, hoje cidade de Andaraí, com muitos casarões suntuosos para aquela época, tudo ao estilo da classe rica de Portugal. Ainda hoje a cidade ostenta ricos e admiráveis casarões, que fazem parte das atrações turísticas. São prédios históricos muito visitados pelos interessados nos fatos históricos produzidos pela riqueza regional, a qual também ajudou a sustentar a pompa ou o luxo da família real e seus assessores.
As riquezas minerais não são permanentes nem renováveis. Um dia a produção entra em processo de declínio, de exaustão, deixando de ser a atividade principal. Isso acontece em toda região produtora de minérios.
Alguns fatores concorreram para o declínio da produção mineral neste Município. A decadência do regime imperial, a intensificação das atividades mineradoras e principalmente a descoberta de minas diamantíferas na África do Sul foram alguns fatores que contribuíram para o declínio da produção de diamantes nesta região. A intensa exploração de diamantes no final do século XIX até o início do século XX ocasionou o deslocamento de muita areia em alguns trechos dos rios e córregos, de modo que ocasionou grande acúmulo em outros trechos, contribuindo para o assoreamento dos rios. Mais tarde, com a chegada de alguns equipamentos mecanizados, foi acelerada a marcha do deslocamento de areia e da poluição ambiental.
Nos tempos atuais a situação é diferente. A atividade mineradora com toda aquela intensidade passou. Passou, mas deixou o caminho aberto para outras atividades. Boa parte das terras são agricultáveis. As principais atividades econômicas do Município estão ligadas à agricultura, ao turismo e ao comércio varejistas. A região é considerada oficialmente Área de Preservação Ambiental - APA. Para os garimpeiros foi criada uma cooperativa, a COOGAN (Cooperativa dos Garimpeiros de Andaraí), que orienta seus cooperados no sentido de priorizar a conservação do meio ambiente.
As condições geográficas e a história de Andaraí favorecem o desenvolvimento das atividades ligadas ao turismo. As atrações turísticas podem ser consideradas como sendo um patrimônio público, controladas pela Secretaria de Turismo do Município.
As oportunidades para o desenvolvimento econômico estão em todos os ramos de atividades, exigindo predisposição e criatividade do novo empreendedor. Todo homem e mulher devem ser educados a fazer trabalho prático e útil. Devem todos aprender algum ofício. Pode ser a fabricação de tendas, pode ser qualquer outra ocupação lícita (fabricação de roupas, calçados, móveis, etc.), mas todos devem estar preparados para usar suas faculdades, seus dons para fins lícitos. (1)
Em Andaraí há lavouras coincidentes com as de outros Municípios. A presença ou ausência de algumas culturas varia de acordo com o tipo de solo, umidade do clima e outras características. As principais lavouras da produção agrícolas neste Município são mandioca, abacaxi, maracujá e tomate. Cultivam-se vários outros produtos. Os principais criatórios de animais são os rebanhos de gado bovino, ovino, suíno e galináceos. Outras informações referentes a esse assunto estão em páginas anteriores, na parte sobre economia.
Outro fator importante para economia deste Município é a feira (feira livre), realizada semanalmente na segunda-feira. É o dia em que os moradores dos sítios e povoados aproveitam para ir ao banco realizar as transações financeiras. A feira é um acontecimento semanal muito importante para os sertanejos e para todos os nordestinos. É o evento indispensável e de grande importância para todos os Municípios porque aproxima vendedores de compradores e vice-versa. Muitas famílias consideram a feira como um grande instrumento de “ganha-pão”. Percebe-se que é um importante instrumento e consegue produzir mais de 200 empregos diretos e indiretos.
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(1) Ellen G. White, em seu livro Administração Eficaz - Como Multiplicar os Recursos com Sabedoria. Casa Publicadora Brasileira – 2002.
INTENDENTES E PREFEITOS DO MUNICÍPIO DE ANDARAÍ
A emancipação política de Andaraí se deu em 1891, por Ato Estadual assinado pelo governador José Gonçalves da Silva. A marcha para a emancipação começou pela Lei Provincial n° 2.444 de 19/05/1884. O coronelismo (1) influenciou de forma muito forte o povo, os costumes e a vida da florescente cidade de Andaraí naqueles anos até 1930. Naquele tempo o coronelismo estava em vigor. Era autoridade amparada por lei e tinha muito prestígio. O coronel resolvia todas as questões e fazia valer suas decisões nos primeiros anos após a instalação do Município.
A partir de 1912 o Município passou a ser a sede da intendência. Quase sempre os intendentes eram homens indicados pelos coronéis e nomeados pelo governador do Estado. Em muitos casos, em vários Municípios, os próprios coronéis assumiam o poder local na intendência. Após a Revolução de 1930, com a Era Vargas, durante os anos 1930/45, começou o fim das oligarquias regionais e os Municípios passaram a ser administrados por prefeitos eleitos. Por vezes prefeitos eram nomeados pelo governador do Estado ou por interventor federal.
Por falta de informações fomos orientados a nos dirigir ao arquivo particular da professora Lícia Neves, no centro da cidade, a quem muito agradecemos pela disposição e pela boa vontade da experiente professora, que nos atendeu prontamente. É uma pessoa interessada nos fatos políticos do Município e da região.
Vale salientar que ao percorrer os Municípios em busca de informações, percebemos que em todos existem pessoas que se interessam pela história local, reunindo e conservando dados preciosos. São guardiões dos registros dos fatos históricos.
A seguir apresentamos os nomes dos intendentes e prefeitos do Município de Andaraí. Foram pessoas nomeadas ou eleitas para exercer o poder executivo do Município, assumindo a responsabilidade de aplicar os recursos financeiros para beneficiar a todos os moradores, sem distinção, da cidade e das zonas rurais. Eis os nomes dos gestores e o período em que administraram o Município, ocupando o cargo público mais importante no âmbito municipal:
INTENDENTES
⦁ Dr. Timótheo S. Maciel De 1912 até 1918
⦁ Coronel Caetano José Marques Leão Até 1925
⦁ Raul Dantas
Até 1926
⦁ Aguinaldo Farias
Até 1928
⦁ Coronel Augusto de Meira Coutrim Até 1930
⦁ Amphilóphilo da Silva Gondim Até 1936
⦁ Cyridião Bacelar
Até 1938
PREFEITOS
⦁ João Esteves do Socorro Até 1947
⦁ José Maciel Neves
1948 a 1950
. Inocêncio Monteiro de Souza
1951 a 1954
⦁ José Gomes da Silva
1955 a 1958
⦁ Inocêncio Monteiro de Souza 1959 a 1962
⦁ João Esteves do Socorro
1963 a 1966
⦁ Vivaldo Socorro de Souza
1967 a 1970
⦁ Leobino Azevedo Filho
1971 a 1972
⦁ Valter Gonçalves Pires de Souza
1973 a 1976
⦁ Leobino Azevedo Filho
1977 a 1982
⦁ Renato Costa Silva
1983 a 1988
⦁ Eraldo Duque Pinto
1989 a 1992
⦁ Abdias Francisco Ribeiro
1993 a 1996
⦁ Vicente Cezarino
1997 a 1998 *
⦁ Antônio Monteiro Neto 1998 a 2000 **
⦁ Eraldo Duque Pinto
2001 a 2004
⦁ Renato Costa Silva
2005 a 2008
⦁ Wilson Paz Cardoso
2009 a 2012
⦁ Wilson Paz Cardoso (2° mandato consecutivo) 2013 a 2016
⦁ João Lúcio Passos Carneiro,
2017 a 2020
⦁ Wilson Paes Cardoso. Eleito no dia 15 de novembro de 2020 para o período 2021 a 2024.
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( * ) Renunciou ao cargo em 03/09/1998.
(**) No dia 03/09/1998 o vice-prefeito assumiu o mandato.
(1) Coronelismo - sistema de domínio político exercido no interior do Brasil e em especial no sertão. Esteve em vigor de 1831 a 1930. Foi criada uma patente pela Guarda Nacional, órgão militar na época do imperador D. Pedro II. A patente era concedida a homens de prestígio. Na cerimônia de investidura o novo coronel recebia a autorização por escrito, a patente, uniforme, a espada e as insígnias. Foi extinta pós a Revolução de 1930. Alguns coronéis, devido ao prestígio, continuaram exercendo forte influência política, pelo menos até início da década 1951/60. Enciclopédia Barsa, vol. 6, pág. 32 e Enciclopédia Universo, vol. III.
Este texto é parte integrante do livro Chapada Diamantina, em elaboração.
SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.
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