MINHA CASA
Humberto Rodrigues Neto
A minha casa eu adoro,
pois tem tudo o que me baste;
no jardim vejo e namoro
duas rosas na mesma haste!
Quando no meu micro canso
os dois olhos já purpúreos,
na lavanderia os lanço
nas samambaias e antúrios
Na horta a toalha liberto
das migalhas que em si traz,
e ali fica o campo aberto
aos bem-te-vis e sabiás!
No domingo, um dia de gala,
dou à casa novas cores,
da feira trago, e na sala
coloco um vaso de flores.
Mesmo assim vejo tristeza
na casa que eu gosto tanto...
pressinto nela a frieza
de algum vago desencanto...
E por senti-la algo triste,
me disponho a interpelá-la
se alguma coisa ainda existe
com que eu consiga enfeitá-la.
É então que adivinho nela
aquilo que há tanto quer:
que eu traga outra vez pra ela
um sorriso de mulher!
Nenhum comentário:
Postar um comentário