segunda-feira, 16 de outubro de 2023

MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA - MUNICÍPIO DE ANDARAÍ (PARTE I)

 

(ESTÁTUA ERIGIDA EM 1985 EM HOMENAGEM AOS GARIMPEIROS)


MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO  DE  ANDARAÍ (Parte I)

Saul Ribeiro dos Santos
📧saul.ribeiro1945@gmail.com


Andaraí é um histórico e importante Município do Estado da Bahia. Está localizado na parte leste da Chapada Diamantina e no ambiente do encantador PNCD - Parque Nacional da Chapada Diamantina. Seu território se estende por uma área de 1.590,32 km² e a população em 2016 foi estimada em 13.732 habitantes. (1) 
Conforme informativo da ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre Andaraí e Salvador é de 423 km. O Município oferece boas condições para o desenvolvimento.      
A palavra Andaraí (Andarahy) tem suas raízes na língua indígena. Na língua dos índios Cariris, Andaraí significa Rio dos Morcegos. Talvez nos tempos primórdios os rios da região e as grutas escuras, com morcegos e outros animais, influenciaram e inspiraram os índios que adotaram o nome para esse rincão. Moradores aqui na cidade e turistas que visitam o Município dizem que é um nome simpático. A prova é que encontramos bairros com o nome Andaraí em muitas capitais e grandes cidades de vários Estados do Brasil. A cidade do Rio de Janeiro possui um importante bairro da Zona Norte com o nome Andaraí.       
Em 2016 e 2017, no esforço de conhecer a cidade, conversar e reunir informações, fui a Andaraí três vezes. É um Município histórico que exibe algumas construções do final do século XIX. Na primeira vez embarquei no ônibus em Seabra. Ao chegar em Andaraí fiquei hospedado numa Pousada não muito longe do centro. No primeiro dia fui visitar a Câmara Municipal de Vereadores e conversar com o presidente do Poder Legislativo Municipal. No outro dia fui conhecer a Biblioteca Pública Municipal e visitar alguns pontos históricos e conversar com moradores idosos. Na segunda vez fui conversar com a professora Lícia Neves. No dia seguinte, na parte da manhã, fui coletar informações na Prefeitura Municipal. A terceira vez foi uma visita rápida para concluir assuntos pendentes.       
Os primeiros habitantes donos das terras que hoje pertencem a esse Município foram os índios, descendentes das tribos dos maracás e cariris, que com sua peculiar simplicidade, honestidade e seriedade viviam nesta terra abençoada. Naquele tempo era uma região com muitas nascentes, matas e vales com muitas aves e outros animais de caça, tudo do jeito como os índios gostam.      
Tempos depois chegaram os homens ditos civilizados e perceberam que a região oferecia possibilidades de progresso. Havia riqueza natural em abundância. Um dos primeiros homens civilizados a se fixar nesta parte das Lavras Diamantinas (hoje tem o nome oficial de Chapada Diamantina) foi Dom Rodrigo de Souza Coutinho, por volta do ano 1795. Conta-se que em meados do século XIX foram descobertos ajuntamentos de quilombolas.                                                                                                                                       
A descoberta de minas com pedras preciosas motivou a vinda de garimpeiros. A notícia dos garimpos se espalhou rápido e logo chegaram muitos garimpeiros com suas famílias, demonstrando interesse de fixar residência e assim foram construindo casas no local onde hoje está o centro da cidade. Anos depois pequenos povoados foram surgindo em áreas próprias para a agricultura e pecuária, cujos produtos eram vendidos no local, nos povoados próximos ou eram levados para Mucugê e mais tarde para Lençóis. Os consumidores tinham bom poder aquisitivo em função da venda de diamantes, ouro e outros minérios.    Garimpeiros e viajantes iam e vinham, locomovendo-se a cavalos ou em pequenas canoas pelos rios Paraguaçu, Utinga e outros (em trechos que permitiam a navegação), partindo do Arraial da Passagem. Mais tarde chegou o capitão Figueiredo, vindo de Minas Gerais, e reforçou a formação de um povoado promissor.      
Andaraí foi e ainda é considerada como um presente da natureza, com seus córregos e riachos maiores e menores. Apresentava-se também com ricos garimpos de ouro e principalmente diamantes e carbonados. (2) Entre os anos de 1855 e 1895 as atividades nos garimpos se intensificaram. Tropeiros, mascates e compradores de pedras preciosas levaram para outras regiões e até para as terras de além-mar as notícias da existência das pedras preciosas.      
Cientes das notícias sobre as riquezas, muitos aventureiros se dirigiram para esta região. A corrida em busca das pedras especiais, que significavam riqueza, fez de Andaraí um dos locais da preferência dos aventureiros. Grupos de garimpeiros foram surgindo de toda parte. Eles chamavam esta região de Lavras Diamantinas pelo fato de lavrar (prospecção e extração de minérios) com certa facilidade. Foi um período de grandes riquezas e corria muito dinheiro. Naquela época, o homem mais famoso e respeitado nas terras que hoje pertencem a Andaraí foi o Coronel Aureliano Gondim.      
A partir da 2ª metade do século XX o progresso do Município passou a ser impulsionado pelas atividades turísticas e agropecuárias. Os antigos casarões e edifícios públicos construídos na época do intenso comércio de diamantes permanecem firmes e imponentes. Muitos prédios antigos foram tombados – inventariados e registrados no Iphan (Instituto do patrimônio histórico e artístico nacional), protegidos por Lei Federal.      
No território desse Município está localizado o Distrito de Igatu (anteriormente denominado de Xique-Xique do Igatu), que é uma povoação não muito grande, com  aproximadamente 500 habitantes. Igatu mostra-se em evidência pela sua história. É uma parte remanescente, uma amostra do que foi a vida garimpeira do século XIX. Possui um conjunto de casas feitas de pedras, que foi tombado pelo Iphan. A arquitetura das construções mostra o modo de viver nos bons tempos do ciclo do ouro e do diamante.

Este texto é parte integrante do livro Chapada Diamantina, em elaboração.
 ________________


 (1)    Relatório IBGE/Cidades/Bahia/Abaíra, acesso em 25/12/2017.

 (2)    Diamante – pedra preciosa de cor clara, intenso brilho, dureza e de alto valor comercial. É utilizado em joias de valor, para cortes precisos em vidros, perfuração de rochas muito duras e outros fins industriais (Dic. Caldas Aulete, pág. 1495, Editora Delta – 958). Carbonado - espécie de diamante preto, de extrema dureza e de uso exclusivo industrial – Dicionário Básico da  Língua Portuguesa, jornal Folha de SP / Aurélio, ed. 1994/95 – Editora Nova Fronteira.


SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário