A SOLIDÃO E SUA PORTA
Carlos Pena Filho (Recife - 1929 a 1960)
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha).
Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
e arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é solvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.
(LIVRO GRANDES SONETOS DA NOSSA LÍNGUA, PÁGINA 213)
Nenhum comentário:
Postar um comentário