TROPEÇANDO O PASSO NO PASSADO
Afonso Maria da Paixão
Escrevo-lhe esta carta, sem saber
Se a ponho ou não na caixa do correio;
Nem mesmo sei se a deixo pelo meio,
Como costuma, às vezes, suceder.
Quando a saudade emite o parecer,
Já na primeira linha aborta o enleio.
Logo, de mim, se oculta o galanteio,
Justo a caneta nega-se a escrever...
Digo onde estou, o dia, o mês e o ano,
Relembro outro lugar, a data e o plano
De lhe enviar palavras doces, mansas.
Mas a razão do amor fere o meu brio...
Suspenso no passado por um fio,
Fico onde estou apenas com as lembranças.
(POSTAL CLUBE - ANTOLOGIA 16, PÁGINA 17, ORG. DE ARACI BARRETO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário