SONETO (MELANCÓLICO)
Francisco Otaviano (Maricá, 1825 - Rio de Janeiro, 1889)
Morrer, dormir, não mais: termina a vida
e com ela terminam nossas dores.
Um punhado de terra, algumas flores,
e, às vezes, uma lágrima fingida!
Sim, minha morte não será sentida
não deixo amigos e nem tive amores!
Ou se os tive mostraram-se traidores.
Algozes vis de uma alma consumida.
Tudo é pobre no mundo, que me importa
que ele amanhã se esboroe e que desabe.
Se a natureza para mim está morta!
É tempo já que o meu exílio acabe:
Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta!
Morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe?
(A FIGUEIRA, Nº 68 - JUNHO DE 1998, PÁGINA 12, EDITOR ABEL B. PEREIRA)

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