sábado, 16 de setembro de 2023

SONETO (MELANCÓLICO)

 



SONETO (MELANCÓLICO)

Francisco Otaviano (Maricá, 1825 - Rio de Janeiro, 1889)


Morrer, dormir, não mais: termina a vida

e com ela terminam nossas dores.

Um punhado de terra, algumas flores,

e, às vezes, uma lágrima fingida!


Sim, minha morte não será sentida

não deixo amigos e nem tive amores!

 Ou se os tive mostraram-se traidores.

Algozes vis de uma alma consumida.


Tudo é pobre no mundo, que me importa

que ele amanhã se esboroe e que desabe.

Se a natureza para mim está morta!


É tempo já que o meu exílio acabe:

Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta!

Morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe?


(A FIGUEIRA, Nº 68 - JUNHO DE 1998, PÁGINA 12, EDITOR ABEL B. PEREIRA)


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