ROSAS
Glória Guedes Di Paizzin
A Tempestade, brigando com a flor
Veio tempestuosa, temerária.
Carregando pedra, encosta, árvore frondosa.
Querendo tudo triturar.
Destruindo a florzinha delicada, singela.
- Não podes, florzinha ridícula,
Recolha-se a sua insignificância.
Cortando terra, abrindo estrada.
Caudalosa enxurrada
Como se tivesse pressa para chegar ao mar.
E a florzinha humilhada, chora.
Agarra-se as suas sementes.
Implorando aos céus, pra tempestade se acalmar.
Não senhora tempestade, não a enfrentarei.
Só quero sobreviver.
A tempestade furiosa, não sobreviverá!
Truculenta, soberba, absurda.
Encheu.
Derramou.
Alagou.
O céu carrancudo cinza chumbo.
Chorando, para a florzinha, se afogar.
Trovões como tambores, raios riscando fogo.
Tempestade passa rápido, passou.
Pronto, nada sobrou, foi um arraso.
Só a enxurrada corria.
A florzinha, agarrada as suas sementes flutuava.
Vamos aonde a sorte nos levar.
Tão simples, tão leve, foi.
Suportamos, algumas sementes se perderam.
Sobraram pouquíssimas.
Viajou sem querer quilômetros.
O céu clareou.
A florzinha chegou numa encosta, abraçou humildemente suas poucas sementes.
Se cobriu com um pouco de terra
Somente para descansar.
Pegou no sono
Germinou.
Brotaram lindas, viçosas.
Terreno fértil apropriado.
Todos que por ali passam se encantam.
De onde vieram flores tão lindas.
Baixinho, feliz ela responde: não brigue com ninguém furioso, arrogante, deixa a vida te levar.
Tudo na vida passa.
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