segunda-feira, 4 de setembro de 2023

MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA - ECONOMIA PARTE VI

 



MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

ECONOMIA (Parte VI) 

AGRICULTURA E EXTRATIVISMO VEGETAL 

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com



A partir da década dos anos 1981/90, principalmente a partir de 1990, muitos Municípios estão apresentando produção agrícola comercial em alta escala. Nos Municípios de Barra da Estiva, Ibicoara, Bonito, Mucugê, Iraquara, Piatã, Paramirim, Rio de Contas, e outros, nota-se que é significativa a produção de café, maracujá, tomate, batata, manga, morango e outros produtos. Em Rio de Contas e outros Municípios com clima mais frio começam a surgir plantações de azeitonas.    

É importante observar que esta vasta região precisa apresentar melhor desenvolvimento comercial, industrial e também na área da prestação de serviços. É necessário surgir empreendedores para aproveitar as oportunidades. O empreendedor toma decisões, abre empresas, cria empregos e gera desenvolvimento. Nota-se que as autoridades precisam investir em obras de infraestrutura. É exatamente disso que a região precisa. A maior parte das empresas é iniciada por um, dois ou mais empreendedores que somam recursos financeiros e técnicos para começar um empreendimento e vencer as barreiras no ramo do negócio escolhido. (8) Pessoas empreendedoras, de visão, formam ideias comerciais, criam empresas e colocam a engrenagem da empresa formada para funcionar e produzir.        

A silvicultura sempre foi uma atividade de grande importância nesta região. As atividades extrativas estiveram e continuam presentes fazendo parte das atividades das famílias dos povoados e de toda a zona rural da Chapada Diamantina. No início do século XIX e ainda hoje, em muitos Municípios, encontram-se árvores nativas não muito grandes, conhecidas como maniçoba (manihot), uma espécie de seringueira. Desta espécie de árvores extrai-se o látex que produz a borracha vegetal, que desde o início do século XX até 1945 era comercializada para indústrias nacionais o do exterior. Mais tarde, com o surgimento da borracha sintética, a procura pela borracha vegetal diminuiu e o preço que já era baixo despencou.        

O maracujá silvestre, com casca esverdeada mesmo depois de maduro, tem polpa com sabor ácido, mas depois de preparado o refresco adquire sabor agradável e refrescante. É utilizado também para a fabricação de sucos, doces e da casca pode-se fazer uma espécie de farinha medicinal. As folhas desta planta, após o devido preparo, traz benefícios para a saúde. São utilizadas para fins terapêuticos.      

Percebe-se que ainda hoje existem nas serras e vales da região muitas frutas silvestres comestíveis pelos seres humanos. O umbuzeiro é uma árvore que nasce  espontaneamente em terrenos planos e nas encostas dos morros, mas demora alguns anos para chegar à fase adulta e começar a produzir. O povo percebeu que os galhos da árvore podem ser transplantados até em quintais, pois pegam e se desenvolvem com facilidade e começam a produzir muitos frutos. Os sertanejos costumam dizer que o umbuzeiro é uma árvore abençoada e companheira do povo. A árvore produz o umbu, uma fruta que quando madura possui a cor amarelo-esverdeada. É comestível ao natural. É utilizada também para o fabrico de doces em compotas, doces de corte ou como vitamina batida ao leite em liquidificador. Em certa época do ano esta fruta existe com fartura em quase todos os Municípios.       

A mangaba é outra fruta muito procurada. Tem sabor e aroma com características próprias. Quando madura tem cor marchetada ligeiramente avermelhada e é muito apreciada. A mangaba é uma fruta muito utilizada para a fabricação de sorvetes. Outra fruta apreciada é o araticum ou articum, típica do Cerrado.    Há outra planta interessante. É o pé de puçá que é uma árvore pequena ou média. O puçazeiro produz uma fruta comestível, com a casca preta ou amarela, mas tem polpa amarelada. Os frutos surgem no tronco. Dizem os sertanejos que o puçazeiro é parente da jabuticabeira. Nas serras da região encontram-se outras espécies de frutas comestíveis.             

Em muitas partes da Chapada Diamantina, encontram-se também raízes, resinas, óleos, folhas e frutos de plantas muito utilizadas na medicina popular. A erva-cidreira é uma delas. Essa planta, de acordo com os dicionários é originária da região do mediterrâneo. Os idosos afirmam que o chá das folhas dessa planta funciona como calmante. Há famílias que colhem frutos, folhas e raízes e vendem para ajudar na renda familiar.      

Não se pode esquecer que nas serras desta imensa região encontram-se também árvores que nos meses de setembro a novembro produzem castanhas bravas. É um fruto gorduroso, mas não é comestível, que até nos primeiros anos deste século eram colhidos e vendido nas feiras das cidades próximas. As donas de casa compravam e utilizavam para, junto com outros ingredientes, fabricar sabão caseiro, muito utilizado para lavar roupas.     

É importante salientar que as plantas com frutas e insumos silvestres precisam ser procuradas e colhidas lá nas serras ou vales onde a natureza as colocou, mas muitas espécies podem ser cultivadas em terrenos planos, até no quintal das casas. É necessário plantar de forma racional, orientada por técnicos agrônomos e cuidar das plantas.

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Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.  


(8)     Ronald Jean Degen, engenheiro em automação pela Escola Politécnica de Zurique e mestre em adm. de empresas. Foi durante muito tempo Diretor Superintendente da ABC Abril – Listas Telefônicas – LISTEL. Em seu livro  O Empreendedor - Fundamentos da Iniciativa Empresarial, pág. 5. Editora McGraw-Hill Ltda. São Paulo – 1989.


SOBRE O AUTOR:

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.

Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.


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