(Prefeitura Municipal de Abaíra (na parte de baixo) e Câmara Municipal de Vereadores (na parte de cima).
MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA
MUNICÍPIO DE ABAÍRA (Parte I)
INTRODUÇÃO
Saul Ribeiro dos Santos
📧saul.ribeiro1945@gmail.com
Abaíra é um importante Município do Estado da Bahia. Encontra-se localizado na parte centro-sul da Chapada Diamantina. Seu território se estende por 538,67 km² (1) e oferece boas condições para o desenvolvimento. De acordo com o Informativo da ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia, a distância entre Abaíra e Salvador, a capital do Estado, é de 580 km.
Para os trabalhos de obter informações, em 2017 fui a Abaíra duas vezes. Na primeira vez embarquei no ônibus em Seabra. Ao chegar fiquei hospedado no hotel localizado no centro da cidade. Demorei três dias e visitei a Prefeitura Municipal, as Secretarias de Saúde, de Educação e outras repartições. Fui visitar a Câmara Municipal de Vereadores e conversar com o presidente do Poder Legislativo Municipal. Conversei com moradores idosos, com comerciantes locais e tirei muitas fotografias em vários locais da cidade. No último dia, ao cair da tarde, voltei para Seabra. Na segunda vez fui até a sede da Prefeitura Municipal. Estava nos planos ir até o Distrito de Catolés, mas por oportuno peguei um táxi, enfrentei a subida da serra e fui para Piatã. A distância é de aproximadamente de 25 km.
Temos que Abaíra é uma palavra que na linguagem dos índios significa “filhos de índios”. (2) Para outros o nome é de origem indígena, mas significa “abundância de mel” (aba + a’yra). É importante lembrar que até a primeira metade do século XX, aqui no território deste Município existiam muitas árvores, arbustos e vários tipos de vegetação baixa que produziam muitas flores, dando oportunidades para as abelhas visitarem grande quantidade de flores para a colheita do néctar, do qual produziam um delicioso mel silvestre. Certamente abelhas dóceis viviam nestes vales, como as da raça mandaçaia, jataí e outras. Os índios gostavam de lugares assim. Os moradores, pessoas mais idosas, dizem que antigamente a região exibia um horizonte florido.
Quando Pedro Alvares Cabral e seus auxiliares ancoraram suas embarcações nas praias do litoral que hoje pertencem ao território do nosso Estado da Bahia, foram bem recebidos pelos nativos, a quem deram o nome de índios. Depois da chegada de outras comitivas vindas de Portugal, paulatinamente os índios foram “empurrados” da parte litorânea em direção ao interior. Uma parte dos índios seguiu na direção dos vales e serras das Lavras Diamantinas. Assim, percebe-se que os primeiros seres humanos que habitaram nas terras que hoje pertencem a este Município foram os índios das tribos tupiguás e jês ou tapuias. Eram índios que viviam no sertão da Bahia. (3) À medida que os homens ditos civilizados foram chegando a esta terra de muitos vales e montanhas, os índios se espalharam, indo para outras partes das Lavras Diamantinas, como antigamente era chamada esta região. Na verdade, os especialistas afirmam que são grandes as dificuldades para se fazer um apanhado geral da história, da cultura e das sociedades indígenas. (4)
A sede do Município está localizada no sopé de uma grande montanha, na direção de Piatã, que é um Município limítrofe. Até meados do século XX a maior parte das terras agricultáveis apresentava características de brejos, com terras úmidas e ricas em água. Eram terras bem aproveitadas. De fato, as terras ainda são bem aproveitadas para o cultivo de cana, não para a fabricação de rapadura, açúcar nem etanol, mas para a moagem e produção destinada à fabricação de aguardente, a bebida popularmente conhecida como cachaça.
Este Município pertence à bacia hidrográfica do Rio de Contas. Seu território possui relevo bastante montanhoso com rochas sedimentares firmes e calcárias. Apresenta vales férteis, com terras de boa qualidade para a produção de cana, café, feijão e frutas. No Distrito de Catolés encontra-se o Pico do Barbado (na Serra Barbado), com 2.033 m. de altura - o pico mais alto do Nordeste do Brasil. Catolés foi um povoado inicialmente fundado na época dos bandeirantes que permaneceram nestas terras por alguns meses explorando a região à procura de ouro e outras pedras preciosas. A vegetação é variada e composta de cerrado, matas gerais, florestas densas e nas partes altas encontram-se trechos de caatinga. O povo deste Município tem perfil hospitaleiro, trabalhador, alegre e mostra-se interessado no desenvolvimento.
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(1) Relatório IBGE/Cidades/Bahia/Abaíra, acesso em 23/12/2016.
(2) Eduardo Almeida Navarro, professor da Universidade de São Paulo há mais de 20 anos, em seu livro Dicionário do Tupi Antigo, pág. 541. Global Editora – 2015.
(3) Enciclopédia Universos, vol. VI pág. n° 2.736. Editora Delta e Editora Três – 1973. Caldas Aulete, em Dicionário Contemp. da Língua Portuguesa, volume V, pág. n° 5.138. Editora Delta – 1958.
(4) Enciclopédia Barsa 1995, vol. 9 pág. 236 e 237. Rio de Janeiro.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
Os fatos que foram acontecendo ao longo dos anos, as narrativas feitas por historiadores e as informações verbais feitas por pessoas idosas, indicam que no processo inicial do povoamento da Chapada Diamantina, tudo foi acontecendo lentamente. Primeiro surgiram pequenos ranchos ou casebres próximos das aguadas, dos garimpos ou então mais próximos a currais para animais, em especial o gado bovino.
Nota-se também que as primeiras casas foram construídas nas proximidades de córregos ou nascentes d’água, tendo em vista facilitar o abastecimento da comunidade com o precioso líquido. Depois o número de moradores foi aumentando e construindo suas casas, formando um pequeno arraial, um povoado, uma vila, e assim por diante. Formaram núcleos maiores que mais tarde se tornaram Distritos e posteriormente sede de Município.
Inicialmente, até 1962, as terras deste Município pertenciam a Piatã. É uma história interessante de conquistas pacíficas. Os primeiros habitantes foram os índios descendentes das tribos dos tapuias e tupiguás. Mais tarde chegaram famílias de povos civilizados, os chamados homens brancos. As serras e vales desta região despertaram o interesse de muitos aventureiros.
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Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.
SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.
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