MATER DOLOROSA
Gonçalves Crespo (1846 - 1883)
Quando se fez ao largo a nave escura,
na praia essa mulher ficou chorando,
no doloroso aspecto figurando
a lacrimosa estátua da amargura.
Nos céus a curva era tranquila e pura:
das gementes alciones o bando
via-se ao longe, em círculos, voando
dos mares sobre a cérula planura.
Nas ondas se atufara o sol radioso,
e a lua sucedera astro mavioso,
de alvor banhando os alcantis das fragas...
E aquela pobre mãe, não dando conta
que o sol morrera, e que o luar desponta,
a vista embebe na amplidão das vagas...
(A FIGUEIRA, Nº 74, MARÇO/99, PÁGINA 11, EDIÇÃO DE ABEL B. PEREIRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário