quinta-feira, 7 de setembro de 2023

HISTÓRIAS DE MÉDICOS

 



HISTÓRIAS DE MÉDICOS

Filemon Martins


Essa e outras histórias me foram contadas por um médico do Rio de Janeiro. Entre 1991 e 1992 era comum alguns médicos saírem do Rio para trabalharem em São Paulo, fazendo plantões de 24 horas. Diziam eles que a saúde no Rio de Janeiro estava um caos. Muitos médicos vinham a São Paulo naquele período, trabalhavam e depois retornavam ao Rio de Janeiro. Como eu trabalhava no setor de Recursos Humanos do Hospital Municipal Professor Dr. Alípio Correa Netto, tinha a oportunidade de trocar ideias com alguns profissionais.

Um deles gostava de contar suas experiências como médico, como essa que narro agora: chegou ao Pronto Socorro um senhor já aposentado com fortes dores no corpo, levado ali por alguns amigos e o médico depois de examiná-lo, o encaminhou para fazer alguns exames. Enquanto esperava os resultados dos exames que solicitara, resolveu conversar com os amigos do homem e perguntou: - vocês sabem o que ele tem? Um deles respondeu: - bom, ele tem uma casinha onde mora com a mulher e parece que tem um terreno na periferia da cidade, conta em banco deve de ter também, pois ele é aposentado. O médico, então, se explicou melhor: - não, eu quero saber se ele já foi em algum hospital sentindo essas mesmas dores. – Ah, disse os amigos, sei não, doutor, sei não.

Cheguei ao Centro Clínico de Fisioterapia por volta das 09h50min. Como todos os dias, a sala de recepção estava lotada.   – “Bom dia” fui logo dizendo, enquanto alguns respondiam: - bom dia.

Pouco tempo depois fui chamado a entrar na sala de fisioterapia, onde muitos pacientes já estavam fazendo seus exercícios. Eu tinha que fazer alguns exercícios, tendo em vista uma cirurgia a que me submeti no pé esquerdo. Enquanto o infravermelho era direcionado para o meu pé, fiquei a ler uma revista antiga.

Mas, aos poucos, comecei a me interessar pelas histórias contadas pelos pacientes. Uns, estavam ali porque sentiam dores no pé, ou na perna; outros, após um infarto ou mesmo uma cirurgia; alguns sentiam dores nas costas, nos braços, no pescoço e uma senhora, a Dona Berta, porque sentia fortes dores na perna esquerda. Terminada a seção de exercícios, lá vinha o médico fazer uma avaliação, “e aí Dona Berta, como está? melhorou a dor?” – Um pouquinho só, doutor, disse Dona Berta e o médico, então, retrucou: - “É a idade, Dona Berta.” A Dona Berta ficou pensativa e em seguida, disse: - “não sei não, doutor, minha perna direita tem a mesma idade, mas não está doendo”.

E assim se foi mais um dia no Centro Clínico de Fisioterapia, mas amanhã tem mais...


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