sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A BOIADA

 



A BOIADA

Humberto de Campos (Miritiba-MA-1886 - Rio de Janeiro - 1934)



A caminho dos portos e dos curros,

Curvas fazendo ou retidões de réguas,

Desce a boiada, aos corcovões e esturros,

Vencendo estradas de noventa léguas.


Vem das pastagens do Inhamuns. E, entre urros,

A poeira, e as filas de alazões e de éguas,

Erguem-se dorsos, babam-se chamurros,

Chocam-se chifres, num fragor sem tréguas.


Ao pôr do sol é o descansar. Se a lua,

Porém, se alteia no sertão remoto,

A romagem, de novo, continua.


E ao luar chouteando no pastal que medra,

Recorda um monte que, num terremoto,

Chocasse, ondeando, seus cardais de pedra!


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