terça-feira, 1 de agosto de 2023

MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA - ECONOMIA PARTE III

 



MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

ECONOMIA (Parte III)

Saul Ribeiro dos Santos
📧saul.ribeiro1945@gmail.com


Delmiro Gouveia produzia e distribuía seus produtos na região Nordeste e em vários outros Estados. Ele tinha a intenção de levá-los para outros países da América do Sul. A concorrência, provavelmente apoiada por políticos corruptos, não gostou da ideia. Foi perseguido de diversas formas pela concorrência internacional.
Delmiro Gouveia, esse pioneiro foi assassinado em 10 de outubro de 1917. O povo do sertão costuma dizer que foram pistoleiros a serviço de empresários concorrentes ou de políticos corruptos e invejosos.
O que fizeram das máquinas e outros equipamentos da empresa? O escritor Cláudio Said nos diz o seguinte: “Em 1929 a Machine Cotton adquiriu dos irmão  Menezes as marcas registradas e os maquinismos. A concorrência comprou a indústria por uma tal quantia. Em abril de 1930 desembarcou na estação da Pedra um funcionário da Machine Cotton. Visitou a fábrica e separou uma parte da maquinaria para envio a São Paulo. A outra parte foi destruída e jogada nas águas do Rio São Francisco por um despenhadeiro”. Queriam eliminar um fabricante nacional. Queriam exclusividade. Você já ouviu falar em monopólio?
Os registros históricos da economia brasileira apontam que Delmiro Gouveia deixou um grande legado. Ele foi o precursor da atual usina hidroelétrica de Paulo Afonso, hoje pertencente à CHESF (empresa do governo federal). Foi o fundador da vila por nome Pedra, da fábrica Pedra e do mercado Derby, em Recife.
Pelos registros históricos tudo foi bem estruturado com estradas de acesso e o progresso teve início. Tudo funcionou. Mas adversários fizeram tudo chegar rápido ao fim. Bem mais tarde, numa justa homenagem em 1952, a vila Pedra teve o nome mudado para Delmiro Gouveia, tornando-se neste século XXI uma cidade importante no Estado de Alagoas. 
Há informações sobre o Mercado Derby. O livro Delmiro Gouveia, do escritor Cláudio Said, diz o seguinte na página 182: “O Prédio do Mercado Derby permaneceu abandonado até 1909, quando foi recuperado para abrigar a Escola de Aprendizes de Artífices, criada pelo presidente Nilo Peçanha. O prédio foi demolido em 1924 e em seu lugar foi construído o Quartel da Polícia Militar de Pernambuco.
Delmiro Gouveia, este grande nordestino destacou-se como sendo um herói. Ele foi o pioneiro do primeiro impulso da industrialização nacional, sufocada e esmagada, nas suas bases, pelos trustes estrangeiros, da Machine Cottons. (6)  
A respeito desse grande nordestino, que foi Delmiro Gouveia, temos o seguinte bilhete do respeitável comunicador Assis Chateaubriand, jornalista, político e empresário brasileiro que nasceu em Umbuzeiro, na Paraíba:
“Trago de Pedra, onde o Sr. Delmiro Gouveia tem installada a sua fábrica de linhas, acionada pela força hydraulica da cachoeira de Paulo Affonso, uma impressão que só posso chamá-la de verdadeiro encantamento. Sinto ainda os olhos ofuscados daquela claridade luminosa, da palpitação febril daquela colmeia no seio estéril de um sertão inexorável. Venho com o meu orgulho de brasileiro e de sertanejo bem crescido e a minha confiança nas energias latentes do meu paíz como que tonificada”. (7) 
Delmiro Gouveia foi um empresário de grande influência na economia do Nordeste. Não conseguimos encontrar muitos registros de apoio do governo brasileiro ao grande empreendedor nordestino nascido no Ceará e estabelecido em Alagoas. O governo de Alagoas doou o terreno e ajudou na abertura de uma estrada na região da cidade de Pedra. Hoje, o Estado de Alagoas possui uma cidade com o nome desse grande brasileiro.
É necessário que as escolas do Nordeste ensinem aos seus alunos, contando com mais vigor, a história de pessoas nascidas nessa importante parte do Brasil. Foram pessoas influentes aqui no Nordeste e no Brasil, em diversas áreas. João Maurício Wanderley – o Barão de Cotegipe, que nasceu na cidade da Barra do Rio Grande – BA., em 1815. Ele estudou e chegou a ser um grande diplomata e ministro do Imperador D. Pedro II. Abílio Cezar Borges – o Barão de Macaúbas, nascido em 1824 na cidade de Rio de Contas – BA. Henrique Pereira de Lucena, - o Barão de Lucena nascido em Pernambuco em 1835. Rui Barbosa, nascido em 1849, foi ministro, embaixador, jurista e poliglota que representou o Brasil na 2a. Conferência da Paz em Haia. Juraci Montenegro Magalhães, nascido em 1905, foi governador da Bahia e ministro das Relações Internacionais. A história do Nordeste registra estes e muitos outros nomes de pessoas importantes para o Brasil. Percebe-se que é necessário valorizar a história regional.
CRIATÓRIOS
Vamos retornar a focalizar a nossa história regional e do Brasil. A Partir da 2ª metade do século XX o Brasil apresentou alta produção no setor agropecuário. A produção foi expressiva, principalmente nas regiões centro-oeste, Sul e no Oeste da Bahia. Os demais Estados também apresentaram boa produção agrícola. O Nordeste destacou-se na produção de frutas para o mercado nacional e para exportação. 
É importante informar que em alguns Municípios, com território montanhoso ou pequeno território, é expressiva a criação de gado. Os principais rebanhos são os criatórios de gado bovino, caprino e ovino. Em todos os Municípios existe criação familiar de suínos. No tocante aos rebanhos de gado bovino, em 2018 o relatório do IBGE mostrou os números. Temos aqui os cinco maiores rebanhos, que estão nos seguintes Municípios:  Macaúbas com 32.528  cabeças de gado bovino, Oliveira dos Brejinhos com 26.515 cabeças. Iramaia com 26.257 cabeças, Utinga com 16.634 cabeças e Caturama com 16.577 cabeças.

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Referências:
      (6)     Paulo Dantas, em seu livro Delmiro Gouveia e Outros Contra capa. Edições Populares e Símbolo S/A -  Ind. Gráficas – São Paulo, SP. 1976.

      (7)   Cláudio Said, em seu livro Delmiro Gouveia, na 1a. dobradura da capa. Novo Século Editora Ltda. - São Paulo – SP, 1976.
               (Foi mantida a grafia da época em que foi escrito)


SOBRE O AUTOR:
SAUL RIBEIRO DOS SANTOS nasceu na Lagoa do Barro, Ipupiara, Bahia. Filho de Nisan Ribeiro dos Santos e Carolina Pereira de Novais. É casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro. Formado em Economia, Adm. de Empresas e em Ciências Contábeis pela Unigranrio, Rio de Janeiro. Trabalhou durante vinte anos num grande banco comercial.
Sempre gostou de escrever. Apaixonado por assuntos das  Regiões da Chapada Diamantina e do Médio Vale do São Francisco. Gosta e costuma conversar com pessoas idosas com o objetivo de aprender e conhecer melhor a história regional.
Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.


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