COMO ANTES
Glória Guedes Di Paizzin
Torturada e descontente.
Porém o que se espera é que se resigne.
Que aceite a dor, como natural.
Como condição de mulher.
Abrigo!
Só na fé.
Espera decepcionante.
Que o mal se aquebrante.
Mulher é seu semelhante.
Não foi tirada do seu pé.
Abrigo.
Só na fé.
Dito popular, não costuma falhar.
Segue, perpetuando.
Como nossas mães.
Sem nada alterar.
Choro contido , submissão, saúde mental em perigo.
Silêncios. Sem confissão.
Só em versos digo.
Já esperando escrutínio.
Olhos mortais te condenam.
Sentencia. Provará o veneno.
A pena é solidão.
Ninguém para afastar a amargura do cálice.
Só o cale-se
A sociedade autoriza, chancela.
Legal.
Mas, não é moral.
O carasco dos hábitos, costumes.
Arma a forca, conduz a louça
A multidão silenciosa tortura.
E o silencio perdura.
Puxa a corda, pendura.
Eternamente, como antes.

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