sexta-feira, 21 de julho de 2023

BILHETE DO ANTONIO MONTEIRO

 

(ESTA É A SERRA DO CARRANCA A QUE ME REFERI NO POEMA)

Recebi, do amigo Antônio Monteiro, de São Paulo, correspondência com o seguinte bilhete:
“Filé, com a ajuda da excelente memória que Deus me deu, transcrevi para este papel, também escrito a máquina de escrever, estes lindos versos em forma de TROVAS, que você tão humildemente me enviou, por volta dos idos de 1968, ainda em Morpará (Ba), há 50 anos. É para o amigo ver, olhar, apreciar, lembrar, relembrar e recordar os versos de sua própria autoria.” Abraços, Antônio Monteiro
Eis os versos:
RECORDAÇÃO
Filemon Martins

Relembro aqueles tempos de criança,
aquelas tardes que não voltam mais,
quando corria cheio de esperança
em busca dos meus sonhos e ideais.

Relembro aquela quadra venturosa,
os versos que escrevia no Sertão,
quando vivia em busca de uma rosa
que me amasse de todo o coração.

Hoje, recordo com saudade imensa
aqueles campos, flores naturais;
mas não tenho consolo ou recompensa,
pois esse tempo não me volta mais.

Relembro e em sonho vejo aquela serra (*)
que às vezes contemplava comovido,
admirando a beleza que se encerra
nos matagais do meu torrão querido.

Recordo o meu estudo de criança
e com saudades lembro os ideais,
e aqueles dias cheios de esperança
cheios de flores, sonhos irreais.

Por isso eu vivo a recordar os sonhos
e aqueles tempos de venturas tais,
tempos que para mim foram risonhos,
mas que na vida não desfruto mais.

(*) – SERRA DO CARRANCA

Nota do autor: eu tinha 18 anos quando escrevi este poema, que, graças ao amigo Antônio Monteiro, não se perdeu no tempo. Minha gratidão. Hoje, o amigo Antônio Monteiro não está mais entre nós. Ele partiu no dia 21 de outubro de 2021, deixando uma infinita saudade.
Nesse dia eu estava internado no Hospital Nipo Brasileiro, quando recebi um áudio de sua filha me informando o ocorrido.



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