sexta-feira, 21 de julho de 2023

A CHUVA CHOVE

                                                                (FOTO DA INTERNET)


A CHUVA CHOVE...

Cecília Meireles (1901/1964)


A chuva chove mansamente... como um sono

Que tranquilize, pacifique, resserene...

A chuva chove mansamente... que abandono!

A chuva é a música de um poema de Verlaine...


E vem-me o sonho de uma véspera solene,

Em certo paço, já sem data e já sem dono...

Véspera triste como a noite, que envenene

A alma, evocando coisas líricas de outono...


... Num velho paço, muito longe, em terra estranha,

Com muita névoa pelos ombros da montanha...

Paço de imensos corredores espectrais,


Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,

Enquanto o vento estrepitando pelas portas,

Revira in-fólios, cancioneiros e missais...


(GRANDES SONETOS DA NOSSA LÍNGUA, PÁGINA 174)




 

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