(FOTO DA INTERNET)
IDEALISMO
Augusto dos Anjos (1884 a 1914)
Falas de amor, eu ouço tudo e calo!
O amor na humanidade é uma mentira.
É. E por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei, por fim, amá-lo?!
Quando, se o amor que a humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
- a alavanca desviada do seu fulcro.
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro!
(REVISTA A FIGUEIRA, 1998, ORG. DE ABEL B. PEREIRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário