segunda-feira, 30 de junho de 2025

GILBERTO FREYRE À LUZ DOS RELATÓRIOS DE RICHMOND

 






GILBERTO FREYRE À LUZ DOS RELATÓRIOS DE RICHMOND.


Mário Ribeiro Martins*

(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALÉM DA FONTE).



Uma excelente imagem do famoso escritor nacional, Gilberto Freyre, quando ainda adolescente, é encontrada nos relatórios que foram enviados à Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos por alguns missionários que atuavam no Nordeste, particularmente no Recife.
Assim é que, em seu relatório à Missão Norte-Americana, sobre o Colégio Americano Gilreath (Colégio Americano Batista), acentuou o missionário D. L. Hamilton (David Luke Hamilton):
“Digno de nota especial é o diretor do departamento primário, cuja posição é uma das mais responsáveis nesta instituição. Gilberto Freyre cujo pai tem ensinado em nossa escola desde a sua origem, está aqui desde o jardim de infância, curso primário e até a sua graduação no Colégio, quando foi convidado para servir como professor. Nele nós encontramos as melhores qualidades do sistema americano, com a facilidade de adaptá-las às condições atuais do Brasil. Seu trabalho é altamente satisfatório”. (D. L. Hamilton, SEVENTY-TWO ANNUAL REPORT OF THE FOREIGN MISSION BOARD-NORTH BRAZIL MISSION, in ANNUAL OF THE SOUTHERN BAPTIST CONVENTION, 1917 (Nashville, Tenn: Marshall & Bruce Company, 1917, p.154. Traduzido pelo autor).
Já em 1918, H. H. Muirhead, dando relatório da referida instituição à Junta de Richmond, assim se expressou:
“Pela primeira vez na história do Colégio, nós tivemos o privilegio de entregar cinco diplomas de bacharel a cinco jovens. Escrevo esta última palavra (Jovens) com orgulho, pois eles são homens no sentido mais autentico da expressão. Dois destes são agora ativos pastores, enquanto um outro, talvez o mais promissor do grupo entrou para o ministério desde graduado.
Os outros dois são esplendidos trabalhadores como professores da instituição. Gilberto Freyre, filho de nosso professor de Português, veio do departamento primário, ginásio e colégio. Seu pai tem sido sempre liberal em seus pontos de vista religiosos, e é agora um sincero crente, embora não batizado ainda, mas sua esposa é uma católica fanática.
Há dois anos atrás, Gilberto Freyre era um sincero materialista, mas ao iniciar o seu último ano de Colégio, o Espírito Santo fez seu trabalho e hoje, embora com apenas dezoito anos de idade, este pescador de homens é o mais espiritual entre nós e indiscutivelmente o melhor pregador no campo pernambucano. Ele vai para o Colégio Bethel, Ky., este ano como estudante assistente no departamento de línguas modernas”.(H. H. Muirhead, SEVENTY-THIRD ANNUAL REPORT OF THE FOREIGN MISSION BOARD-NORTH BRAZIL MISSION, in ANNUAL OF THE SOUTHERN BAPTIST CONVENTION, 1918(Nashville, Tenn: Marshall & Bruce Company, 1918, p.217. Traduzido pelo autor).
Na verdade, em abril de 1918, Gilberto Freyre viajou para os Estados Unidos, não propriamente para o Colegio Bethel conforme foi mencionado por H. H. Muirhead, mas para a Universidade de Baylor, passando a frequentar a Seventh & James Baptist Church, de onde tomou novos rumos.
Finalmente deve ser lembrado que a Gilberto Freyre se deve o nome Escola de Trabalhadoras Cristãs (hoje Seminário de Educadoras Cristãs), em substituição ao titulo inglês TRAINING SCHOOL. (Mildred Cox Mein, CASA FORMOSA. Recife, Gráfica Editora Santa Cruz Ltda, 1966, p. 24). (JORNAL DO COMMERCIO. Recife, 04.10.1972).


ATENÇÃO: Sobre o assunto, este autor chegou a publicar o livro GILBERTO FREYRE, O EX-PROTESTANTE. São Paulo, Imprensa Metodista, 1973.



MÁRIO RIBEIRO MARTINS - ERA PROCURADOR DE JUSTIÇA E ESCRITOR.

SE HOJE ÉS DEUS - MANOEL CARDOSO

 




SE HOJE ÉS DEUS
MANOEL CARDOSO


Se hoje és Deus
deves o testemunho
à Criatura
Quem te contestou
no decorrer dos séculos
Quem descumpriu leis
registradas por vates e profetas
Quem entoou loas
escreveu salmos e tragédias
perpetuou teu Nome
nas letras, nos ícones
na música
senão o ser que esqueceste?

(Do livro TRANSLÚCIDO SILÊNCIO, página 23)

ETERNA FORTALEZA - GERALDO PERES GENEROSO

 



                     ETERNA FORTALEZA                                GERALDO PERES GENEROSO

Senhor,
Mesmo tendo ciência
De que a suficiência
Da Tua graça,
E Teu amor que jamais passa
Está agora sobre mim,
Ainda assim,
Às vezes vacilo
Ante o inútil temor
De um vírus ou bacilo
Que a esta minha vida
Possam dar um fim.

Às vezes, pela senda,
Sigo confiante em Tuas promessas
E delas me relembro uma por uma:
Que em minha tenda
Não chegará jamais praga alguma,
E deterás a seta venenosa
Livrando-me da contenda
E da peste perniciosa.

Mas, na minha fraqueza,
Quantas vezes hesito
Em viver em mim a Tua natureza
De poder infinito
E sentir neste pó a Tua grandeza
E me faço de Teu lar simples proscrito,
A lançar a Teus céus o meu grito
Esquecido de que és a minha fortaleza!

Senhor
Que eu possa ver a Tua realidade,
Sentir na alma a luz da Tua verdade
E em meu coração o Vosso eterno amor
Que vem e vai de eternidade a eternidade!
Que em lugar desse inútil clamor
Possa sempre te levar o meu louvor
Como exemplo de fé e caridade.















LÁGRIMAS E DOR... - MARIA JOSÉ ZANINI TAUIL

 



LÁGRIMAS E DOR...
Maria José Zanini Tauil

O céu,
já com nuvens negras
mergulha na noite. 
Com ela, vão chegando também
o cansaço 
e a nostalgia.
A chuva chega depressa e forte, 
encharcando o mundo. 
Parece que a natureza 
conspira contra mim
e a sua revolta
machuca a minha alma
provocando 
um pavoroso espasmo.

Na tempestade, 
afogo todas as lembranças tristes.
Um vento forte me arrasta.
Falta-me o ar,
a força,
o alento. 
Podem vir: tufão, 
nevasca,
furacão...
ou bonança.
Talvez eu nem note...
Estão turvos os meus olhos 
e meu coração. 
A neblina também turva
a minha mente, 
mas não consegue aplacar
a dor...

Cataclismos em convulsão.
O mar se acaba
no extremo abismo do meu íntimo.
São nefastas as amarguras.
A tormenta não para. 

Relâmpagos rasgam o céu
e esfacelam, por fim, 
o meu coração, já tão ferido. 
Sentimentos fragmentados
são espalhados por todos os cantos. 
Meus olhos,
solidários com a tempestade,
pranteiam...

As lágrimas rolam abundantes,
como riachos,
abrindo caminhos pelo meu rosto,
como uma bacia hidrográfica.

Um torpor me anestesia
da dor imensa.
Fecho os olhos 
e adormeço...

Quando acordar, certamente, 
a tempestade terá acabado.

Da janela,
poderei ver a claridade do amanhecer, 
a devastação causada pelos ventos
no meu jardim...
tantas flores despetaladas no chão...

Mas, que bom! 
No céu poderei contemplar o arco-íris! 
As tempestades não são eternas...
GRAÇAS A DEUS!

TROVAS DE CARLOS RIBEIRO ROCHA

 



TROVAS DE CARLOS RIBEIRO ROCHA


Não obstante a esperança,

a realidade é crua.

A velhice sempre avança,

só a sorte é que recua.


Lá distante, quando em quando

vês furtiva claridade?

- É o coração te espiando

do corredor da saudade.


Gosto, sim, do meu Sertão,

pelo mistério que assume:

Se a flor traz inspiração,

deixa na trova o perfume.


Assim como o ipê na mata

dá flores até morrer,

em minha vida pacata

trovas hão de florescer.


(LIVRO "28 SONS" - TROVAS, PÁGINAS 20/21)

domingo, 29 de junho de 2025

TROVAS DE MÁRIO RIBEIRO MARTINS

 




TROVAS DE MÁRIO RIBEIRO MARTINS


NÃO IMPORTA O QUE SE FAZ
PARA O CHICO XAVIER:
A ELE O NOBEL DA PAZ
E TUDO O MAIS QUE HOUVER.

QUANDO TE DEI MINHA VIDA,
ENTRE MIL VERSOS DE AMOR,
TORNOU-SE CLARO, QUERIDA,
EU NASCI VERSEJADOR.

DE VERSOS METRIFICADOS,
EIS A RIQUEZA DA TROVA,
COM QUATRO VERSOS RIMADOS
FAZ-SE AMIZADE E SE PROVA.

MESMO QUE SEJA QUIMERA,
SOU POETA E TROVADOR,
SEI CANTAR A PRIMAVERA,
SÓ FAÇO VERSOS DE AMOR.


(FRAGMENTOS DE “ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL”, RIO DE JANEIRO:FOLHA CARIOCA EDITORA, 1980) 

POESIA E MÚSICA - GILMAR LEITE

 



POESIA E MÚSICA

Gilmar Leite


Olá, música! Meu nome é poesia!
Somos irmãs no útero do coração,
Somos gêmeas da mesma união.
Eu sou versos e você é a melodia.

Separada, você é a luz que a alumia,
Sendo o sol da feliz valorização.
Ao contrário, estou na escuridão;
Pouca gente percebe que sou dia.

Escondida nos livros, sou invisível,
E você, nos cantares, é bem visível,
Muito embora estejamos abraçadas.

Nós estamos unidas a cada instante!
Separada, estou numa velha estante,
E sozinha, eu me sinto abandonada.

                                      

Obs.: Emprestado do site BROTA NA POESIA. 


ESCLARECIMENTO

 




NOTA DO BLOG:

 

Esta semana deixamos de publicar o texto do nosso articulista Saul Ribeiro dos Santos, em razão de problemas no seu notebook.

Assim que houver solução, voltaremos a publicar os artigos do escritor baiano.


Filemon Martins

O ENAMORADO DAS ROSAS - OLEGÁRIO MARIANO

 


                                               (FOTO DE LALA, IPUPIARA, BAHIA)



O ENAMORADO DAS ROSAS 

Olegário Mariano



Toda manhã, ao sol, cabelo ao vento,
Ouvindo a água da fonte que murmura,
Rego as minhas roseiras com ternura,
Que água lhes dando, dou-lhes força e alento.


Cada um tem um suave movimento
Quando a chamar minha atenção procura
E mal desabrochada na espessura,
Manda-me um gesto de agradecimento.


Se cultivei amores às mancheias,
Culpa não cabe às minhas mãos piedosas
Que eles passassem para mãos alheias.


Hoje, esquecendo ingratidões mesquinhas,
Alimento a ilusão de que essas rosas,
Ao menos essas rosas, sejam minhas.
 

LOUVAÇÃO DO BARRO - MARIÀ MANENT

 



LOUVAÇÃO DO BARRO
Marià Manent
(Espanha 1898 - 1988)


Tradução de João Cabral de Melo Neto

Cantarei o barro, porque nele esteve a vida
e este sangue que ferve em nosso corpo.
Meus olhos de barro pressentem o repouso
e o clarão imortal de uma outra vida.

Cantarei o barro porque foi amassada
a nossa carne do barro inconsistente
e na argila curtida e inanimada
o sopro de Deus entrou como a semente.


(POESIA CRISTÃ UNIVERSAL – ORG. SAMMIS REACHERS).

sexta-feira, 27 de junho de 2025

TROVAS DE ALOISIO ALVES DA COSTA

 



TROVAS DE ALOISIO ALVES DA COSTA
 

Mesmo nos dias tristonhos
cheios de angústias e anseios,
eu busco à luz dos meus sonhos
dar vida aos sonhos alheios.

O remorso no presente,
das minhas culpas de outrora,
faz de mim – homem valente –
uma criança que chora!

Os meus dias são pedaços
de tempo na eternidade,
que a vida embala nos braços
misturados de saudade.

Ao ver o leito das águas
e tanta gente sem leito,
transborda o rio das mágoas,
que enche de mágoas meu peito.

(Anuário – Coletânea de Trovas Brasileiras – Recife – PE - 1979)