sábado, 5 de outubro de 2024

QUARENTA ANOS - MÁRIO DE ANDRADE

 




QUARENTA ANOS

Mário de Andrade


A vida é para mim, está se vendo,

Uma felicidade sem repouso;

Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo

Só pode ser medido em se sofrendo.


Bem sei que tudo é engano, mas sabendo

Disso, persisto em me enganar... Eu ouso

Dizer que a vida foi o bem precioso

Que eu adorei. Foi meu pecado... Horrendo


Seria, agora que a velhice avança,

Que me sinto completo e além da sorte,

Me agarrar a esta vida fementida.


Vou fazer do meu fim minha esperança,

Oh sono, vem!... Que eu quero amar a morte

Com o mesmo engano com que amei a vida.


(GRANDES SONETOS DE NOSSA LÍNGUA, PÁGINA 171)

PEREGRINAÇÃO - MANUEL BANDEIRA

 


                                         (FOTO DE GASPARINO, IPUPIARA, BAHIA)



PEREGRINAÇÃO

Manuel Bandeira


Quando olhada de face, era um abril.

Quando olhada de lado, era um agosto.

Duas mulheres numa: tinha o rosto

Gordo de frente, magro de perfil.


Fazia as sobrancelhas como um til;

A boca, como um o (quase). Isto posto,

Não vou dizer o quanto a amei. Nem gosto

De me lembrar, que são tristezas mil.


Eis senão quando um dia... Mas, caluda!

Não me vai bem fazer uma canção

Desesperada, como fez Neruda.


Amor total e falho... Puro e impuro...

Amor de velho adolescente... E tão

Sabendo a cinza e pêssego maduro...


(GRANDES SONETOS DE NOSSA LÍNGUA, PÁGINA 170)

REMISSÃO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

 


                                         (FOTO DE SANDRO, CARRANCA, BAHIA)



REMISSÃO

Carlos Drummond de Andrade


Tua memória, pasto de poesia,

tua poesia, pasto dos vulgares,

vão se engastando numa coisa fria

a que tu chamas: vida, e seus pesares.


Mas, pesares de quê? perguntaria,

se esse travo de angústia nos cantares,

se o que dorme na base da elegia

vai correndo e secando pelos ares,


e nada resta, mesmo, do que escreves

e te forçou ao exílio das palavras,

senão contentamento de escrever,


enquanto o tempo, em suas formas breves

ou longas, que sutil interpretavas,

se evapora no fundo de teu ser?


(GRANDES SONETOS DA NOSSA LÍNGUA, PÁGINA 179)

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

NOVA AURORA - FILEMON MARTINS

 



NOVA AURORA 
Filemon Martins

 

Eu me tornei um pobre vagabundo 
quando partiste pela vida afora... 
Talvez sonhaste conquistar o mundo 
deixando aqui um coração que chora. 

De luz, amor e inspiração me inundo 
e vislumbro o romper de nova aurora, 
acredito no amor puro e profundo 
que mitiga a tristeza que apavora. 

Creio no amor intenso, verdadeiro, 
sempre perdoa, espera e crê primeiro 
sem julgamento, ofensa ou coisa assim. 

Quero colher a paz em farta messe, 
sentir a graça singular da prece 
para buscar o amor dentro de mim!

 

ETERNO TEMA - MÁRIO BARRETO FRANÇA

 




ETERNO TEMA

Mário Barreto França

 

Quantas vezes a gente, triste, exclama:

- ¨Ah! Se eu tivesse ouvido o coração!¨

É a eterna desculpa de quem ama

Quando pranteia uma desilusão.

 

Há saudades que queimam como flama...

Nem sempre é doce uma recordação...

Mas... um contínuo pranto se derrama

Para o martírio aliviar, em vão...

 

E a gente luta, e sofre, e desespera,

Na esperança de nova primavera,

Sem pressentir que o inverno vai chegar...

 

Não vale a pena maldizer a sorte,

Que a vida sempre exige até à morte

O eterno sacrifício de se amar...

SÚPLICA - FILEMON MARTINS

 



 

SÚPLICA
Filemon Martins

Sou um estranho no Planeta Terra,
Onde o certo nem sempre prevalece,
Onde o forte se impõe, fazendo guerra,
E o amor no coração desaparece.


Quero fugir desta Urbe para a serra,
Quero elevar meu pensamento em prece,
Vou refletir, quem sabe assim encerra
Esse desgosto que fere e entristece.


Escárnio, ingratidão e desengano
Contaminam a terra e o ser humano,
Ninguém escapa ileso a tanta dor.


Suplico, pois, Senhor, que ponha fim
Ao desconforto de sofrer assim,
Melhor viver à sombra de um amor.

SE EU FOSSE O PATRÃO - FILEMON MARTINS

 



SE EU FOSSE O PATRÃO...

(A PROPÓSITO DAS ELEIÇÕES)

Filemon Martins

                                            

 

Se eu fosse o patrão, como quer me fazer acreditar a campanha da Justiça Eleitoral, o país chamado Brasil, nos dias que correm, trilharia outros rumos.

Na política brasileira, não há nenhuma garantia de que os programas de governo apresentados pelos candidatos sejam cumpridos. A maioria dos eleitores brasileiros, quando discute política, quer seja no bar da esquina, no mercado, na barbearia, no trabalho e mesmo nas redes Sociais não tem noção de sua responsabilidade, que é cobrar e fiscalizar. Há um ditado dos adeptos da boa convivência que diz: - ¨futebol, religião e política não se discutem¨. Assim, quando se conversa sobre política, o eleitor, quase sempre pouco letrado, quer saber se em casa, ele e os filhos têm farinha e talvez, quem sabe, até um caldo de galinha. Ou seja, uma esmola.

Infelizmente, as discussões ocorrem superficialmente e o governo alimenta este quadro de miséria, com tamanha habilidade, que não há argumentos que convençam quem quer apenas um prato de comida na mesa ou em alguns municípios, um saco de cimento, um saco de argamassa, uma lata de tinta. Por outro lado, quando eu, sendo patrão, deposito na urna meu voto, elegendo o candidato escolhido, imediatamente perco o patronato. De patrão, passo a ser vítima. Desapontado, vejo que o candidato eleito, agora comandante do barco, começa a navegar sem rumo e tudo o que foi prometido em campanha, escoa pelo ralo. As prioridades são outras. O programa que o elegeu foi rasgado sem o meu consentimento. E eu, o patrão... Nada posso fazer...

Já estamos vivendo no 3º milênio. Não se pode negar que a evolução em todos os ramos da vida moderna é um fato incontestável. Os avanços da informática, da tecnologia, da medicina, da física, da matemática são fantásticos. Não há dúvida de que o mundo mudou. Mas, para nossa infelicidade, uma coisa não mudou: os políticos brasileiros. Continuam corruptos, individualistas, personalistas, egoístas e não sabem desempenhar o mandato que o eleitor os outorgou, com pouquíssimas exceções. Quando eleitos, imaginam-se donos do poder e aí podem trocar os votos que os elegeu por cargos, comissões para seus filhos, parentes ou mesmo para partidos. Aprovam projetos e reformas, ainda que prejudiciais ao povo, ao trabalhador, desde que recebam propinas (mensalão, bingos, correios, sanguessugas, entre outros).

Ora, se eu fosse o patrão, no Congresso Nacional não haveria mais mensalistas, sanguessugas, quadrilheiros e muito menos coniventes (aqueles que parecem ser sérios, mas se calam diante das negociatas ilícitas). Contudo, o que se vê na TV são candidatos até condenados em Segunda Instância, flagrados com a mão na cumbuca, escondidos atrás de uma agência de propaganda que os transformam em santos perante a sociedade. Outros há que renunciaram ao mandato para fugir da cassação e agora estão aí concorrendo para novos mandatos e novas falcatruas. Quanto cinismo! Ah, se eu fosse mesmo o patrão...


 


QUEM SABE? - MERCÍLIA RODRIGUES

 


(FOTO DE KEISE, BROTAS, SP)

QUEM SABE ?

Mercília Rodrigues

 

.

Ah, sabedoria que se faz distante!

Qual o caminho que nos leva a ti?

Quisera ter-te em atos cruciante

E sermos a presença do saber em si!

.

O tempo? Oh, o tempo! Deixa-nos lições imensas!

Mas sem saber das crenças os ritos.

Incógnitas de equações suspensas,

Por decifrar e deduzir conflitos.

.

Quando já bem longe nas escaladas,

Vislumbre de equações as mais perfeitas,

Entretanto ao final do quase nada,

Respostas insalubres e desfeitas!

.

Onde a sabedoria e seus reflexos

Que nem sequer o tempo nos oferta?

Os mistérios de vida tão complexos

E a verdade que só chega na hora certa!

.

O MUNDO TE CHAMA - JOAQUIM RODRIGUES DE NOVAIS

 



O MUNDO TE CHAMA

Joaquim Rodrigues de Novais



O mundo te chama, mas não se engane

vai sofrer e chorar se esquecer de Deus 

e ao mundo abraçar.


Bom é Deus que fez os céus e a terra, 

água, mar e veio como Jesus Cristo 

para nos salvar.


É bom crê naquele que nos fortalece 

e na sua lei medita, buscai sempre ao 

Senhor e a recompensa, com certeza, virá.


Grande é o nosso Deus, que a sua imagem 

nos criou e com sabedoria também criou a

José e Maria, santa e sagrada família de

Jesus Cristo, o bom pastor.


Ipupiara,02/10/2024


   

TROVA DE A. A. DE ASSIS

 


                                           (FOTO DE LALINHA, IPUPIARA, BAHIA)



Que tristeza ouvir um santo,

um sábio, um poeta, um rei,

ao peso do desencanto,

dizer ao mundo: – Cansei!

A.A. de Assis - Maringá/PR

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

QUEM FOI BENEDITO CALIXTO DE JESUS? - FILEMON MARTINS

 




 

QUEM FOI BENEDITO CALIXTO DE JESUS?

Filemon Martins    

                                       

Benedito Calixto de Jesus nasceu na antiga Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, hoje cidade de Itanhaém, em 14 de outubro de 1853, filho de João Pedro de Jesus e de Ana Gertrudes Soares de Jesus.

Passou sua infância e adolescência em Itanhaém, onde iniciou seus estudos e residiu até os 20 anos de idade, tendo cursado a escola do Mestre João do Espírito Santo. Desde pequeno revelava sua predileção pelo desenho e pela pintura e já aos 12 anos demonstrava seu talento invulgar.

Benedito Calixto de Jesus Neto, escrevendo sobre seu avô, informa que - “sua paixão era desenhar com barras de carvão que ele mesmo preparava, os aspectos das paisagens do local em que vivia. Ajudava ainda o velho vigário nos misteres da Igreja Matriz, acompanhando-o Rio Preto e Rio Branco acima, na sua obra missionária. Pintava “ex-votos” que os fiéis seus amigos penduravam, cumprindo promessas, ao lado dos altares dos santos de suas devoções, na Igreja Matriz”.

A cidade de Itanhaém se tornou pequena para o grande talento que desabrochava e assim, Benedito Calixto de Jesus se transfere para Santos em busca de melhores condições e oportunidades. Em Santos, o jovem pintor começa a pintar tabuletas, fazendo composições e figuras de paredes e nos tetos de mansões da elite santista.

Já em 1877, com 24 anos, retorna a Itanhaém e se casa com Antonia Leopoldina de Araújo, sua prima. Depois de alguns anos, decide morar na cidade de Brotas, interior de São Paulo, perto do seu irmão, onde aprimora suas telas e termina vários quadros, organizando sua primeira exposição, no jornal “Correio Paulistano”, em São Paulo.

Em 1882 volta a Santos, onde conhece o construtor Tomaz Antonio de Azevedo e começa a trabalhar em sua oficina. Nessa ocasião, o jovem pintor é convidado e faz a decoração da nova sala de espetáculos do Teatro Guarani, cujo projeto de construção era do engenheiro Manuel Garcia Redondo. Impressionado com o resultado obtido por Benedito Calixto de Jesus, o engenheiro Garcia Redondo intermediou junto ao Visconde Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, uma bolsa de estudos na Europa.

O Teatro Guarani foi inaugurado a 7 de dezembro de 1882, tendo sido homenageados no palco o construtor engenheiro Garcia Redondo e o artista plástico Benedito Calixto, como decorador. No início de 1883, Benedito Calixto de Jesus viaja para Paris, onde estuda por 18 meses nas mais diversas escolas de Paris, entre outras, ateliê de Jean François Raffaelli e Academia Jullien, aprimorando sua arte predileta e descobrindo a fotografia.

Retornando ao Brasil, no ano seguinte, traz em sua bagagem um equipamento fotográfico, apaixonando-se pela fotografia, que muito o ajudaria no registro de paisagens locais e na elaboração de diversas telas de cunho religioso e histórico.

A Enciclopédia Larousse Cultural apresenta Benedito Calixto, como “pintor brasileiro (Itanhaém – SP – 1853 – São Paulo – SP – 1927), autor de marinhas, temas religiosos, cenas históricas e de gênero. Executou trabalhos nas igrejas de Santa Cecília e Nossa Senhora da Consolação, em São Paulo, capital. Entre suas obras mais conhecidas estão: Anchieta escrevendo na praia, Bartolomeu de Gusmão e Praia de São Vicente”. (página 1063).

A obra de Benedito Calixto se completa com paisagens, pinturas históricas, marinhas e retratos, fazendo exposições no Rio de Janeiro (1900), São Paulo (1904), Belém (1907) e nos Estados Unidos com uma obra premiada na Exposição Internacional de St. Louis (1904). Sua ligação com a Igreja Católica, painéis na Igreja de Santa Cecília (SP-1909), Igreja Santa Ifigênia (SP-1912), Igreja da Consolação (SP-1918), Catedral de Ribeirão Preto (SP-1917), Catedral de Amparo (SP-1918), Igreja de Vitória (Espírito Santo) e tantas outras fizeram com que o Papa Pio XI o agraciasse em 1924 com a Comenda da Ordem de São Silvestre.

A paixão de Benedito Calixto de Jesus não ficou só na pintura e na fotografia, mas também se desenvolveu na palavra escrita. Escreveu e publicou vários artigos e livros, entre outros, “A VILA DE ITANHAÉM” (1895), “OS PRIMITIVOS INDIOS DE NOSSO LITORAL” (1905), “RELÍQUIAS HISTÓRICAS DE SÃO VICENTE”, “CAPITANIAS PAULISTAS” (1924) e “A IGREJA E O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE ITANHAÉM”. 

Infelizmente, não é fácil encontrar seus escritos hoje em dia, mesmo na Biblioteca Municipal Poeta Paulo Bonfim, de Itanhaém, pouco se tem a respeito do ilustre filho de Itanhaém, que faleceu em São Paulo em 31.05.1927, sendo sepultado no cemitério do Paquetá, na cidade de Santos.

 

 

A CHUVA CHOVE - CECÍLIA MEIRELES

 





A CHUVA CHOVE...

Cecília Meireles


A chuva chove mansamente...como um sono

que tranquilize, pacifique, resserene...

A chuva chove mansamente...Que abandono!

A chuva é a música de um poema de Verlaine.


E vem-me o sonho de uma véspera solene,

Em certo paço, já sem data e já sem dono...

Véspera triste como a noite, que envenene

A alma, evocando coisas líricas de outono...


...Num velho paço, muito longe, em terra estranha,

Com muita névoa pelos ombros da montanha...

Paço de imensos corredores espectrais,


Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,

Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,

Revira in-fólios, cancioneiros e missais.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

O CONTO DO BILHETE DE ÔNIBUS - FILEMON MARTINS


 


O CONTO DO BILHETE DE ÔNIBUS

Filemon Martins


                                                     

Voltava para casa lá pelas 19h30min. Tomei o metrô e desci na estação de Artur Alvim, na zona leste de São Paulo. Rumei para o ponto de ônibus, que me levaria até próximo de casa. Eta! Que viagem longa! Me postei na fila aguardando a chegada do ônibus. Havia muitos passageiros à minha frente. Logo atrás de mim chegou um rapaz de vinte e poucos anos. Discretamente, fiquei observando o cidadão. Levou a mão ao bolso e tirou uma carteira. Abriu-a e começou a mexer, mexer, sem nada retirar. Ao que parece não havia dinheiro e nem bilhete de qualquer espécie. Já falando comigo, disse: - “Puxa vida, esqueci meus passes em cima da mesa de trabalho. Acho que vou telefonar e pedir ao colega para guardá-los.” Respondi: - é interessante, sim, pelo menos você vai tranquilo para casa. “É,” disse ele. - “Mas o senhor tem um passe para me arrumar?” Tudo bem, tenho, sim. Abri a carteira, retirei um passe de ônibus e lhe entreguei. Não imaginei que estava caindo no conto do bilhete. Agradeceu e saiu para telefonar, pensei. Meu ônibus chegou, a fila andou e finalmente entrei na condução e me sentei próximo à janela, de tal forma que podia ver os passageiros que aguardavam o ônibus seguinte.

De repente, lá vem o dito cujo, saracoteando, deve ter conseguido telefonar, pensei. Entrou na fila e se postou logo atrás de uma moça. Até aí tudo normal. Desviei o olhar por um momento, mas voltei a observá-lo e (pasmem!) vi a mesma cena. Enfiou a mão no bolso, tirou a carteira, mexeu, mexeu, nada retirou e interpelou a moça. Ela abriu a carteira e deu-lhe um passe de ônibus.

O ônibus partiu e comecei a pensar com meus botões. Será que este indivíduo faz isto com frequência? Era a primeira vez que via aquele tipo de golpe. Durante alguns dias, observei-o e constatei o que já sabia. O larápio aplicava este golpe todos os dias, em pontos diferentes do terminal de ônibus e provavelmente em outros pontos de ônibus de outras estações do metrô. Conclusão: caí no golpe do bilhete de ônibus. Após algum tempo, mudei o itinerário e passei a descer em outra estação metropolitana. Não sei se o malandro ainda continua passando a lábia em outros incautos, como eu. Nunca mais o vi, nem tive notícias dele. E fiquei refletindo: somos golpeados de todas as formas e de todos os lados. Pessoas inescrupulosas e interesseiras estão a todo o momento tentando nos enganar. Agora, então, pela Internet é o que mais se vê. Até um larápio, bom de lábia, consegue nos ludibriar. Também pudera, para quem caiu no embuste do PT, cair no conto do bilhete não é nada. Difícil será aguentar esse conto-do-vigário sem fim ou o faz que faz, mas nunca faz.

COMO ERA? - SERÁ QUE MUDOU ALGUMA COISA?

 



COMO ERA? SERÁ QUE MUDOU ALGUMA COISA?

Filemon Martins

 

Conta-se que antigamente no Nordeste Brasileiro era comum alguns coronéis mandarem seus filhos homens estudar Direito em Coimbra, Portugal. Depois de formados, voltavam ao Brasil e assumiam cargos como Juiz de Direito, Advogados, Promotores e Desembargadores. 

Mas havia um grupo de coronéis que pensavam diferente e colocavam seus filhos em escolas brasileiras e argumentavam: - não é necessário gastar fortunas com os filhos homens estudando em Portugal. Quando chegar o momento, nós os elegemos deputados, eles se tornam políticos e vão mandar em todos esses bacharéis. E assim era.

E hoje será que mudou alguma coisa? O sistema parece ser o mesmo, agora ainda mais abrangente: homens e mulheres são eleitos e lá no Congresso legislam em causa própria e mandam em todos nós. Até no Judiciário, que era um poder independente. Acho que aquele grupo de coronéis estava certo. Nos tempos atuais, talvez um pouco pior, eles são eleitos com o nosso dinheiro: Fundo partidário, propina, caixa dois, tramoias, negociatas ilícitas e por aí vai... ¨Quem não te conhece que te compre¨ ou ¨Dize-me com quem andas e eu direi quem tu és¨.