terça-feira, 9 de julho de 2024

FAXINA URGENTE - MARIA DO CARMO DA COSTA

 

                

FAXINA URGENTE

Maria do Carmo da Costa
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Depois de muitas perdas,
desencantos e indiferenças,
entendi que a partir de hoje,
tenho a obrigação de ser feliz!
E para que aconteça, resolvi fazer
uma faxina completa
nas prateleiras de minha alma,
nas delicadas gavetas
do meu sofrido coração e no
cofre da minha memória.
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Retirei os sentimentos mesquinhos,
tristezas, dores, falsas promessas,
palavras amargas e dissabores.
Depois, varri bem o chão da minha
existência, fragmentos
de indiferenças e maledicência.
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Lavei a minha alma com doses de
ternura, plantei novas flores no
jardim do meu coração,
destranquei as portas,
completamente segura,
de que minha vida agora
será pura emoção.
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Nesta vida, não tenho mais
tempo a perder, nem disponibilidade
para o sofrimento, quero apenas
minha breve vida viver,
simplesmente com alegria e encantamento!
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Sinto no fundo da minha alma,
necessidade de mudar,
pois já não existe para mim,
um caminho novo, mas apenas,
 um jeito novo de caminhar!
E quando, na minha caminhada,
chegar ao final,
quero sentir que viver aqui,
foi sensacional!

(FONTE AVBAP)
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CONVERSA CALADA - VANDA FAGUNDES QUEIROZ

 



                                              CONVERSA CALADA

VANDA FAGUNDES QUEIROZ

 

Com tanto sentimento solitário,

meu existir interno é tão intenso,

que para reparti-lo às vezes penso

num interlocutor imaginário.

 

E sinto, então, falar de modo vário

minha alma com seu repertório imenso,

tão vasto que nem sei como é que venço,

sozinha, o turbilhão do meu fadário.

 

Embora eu tenha apenas uma vida,

termino por fazer-me bipartida,

se eu mesma falo e escuto a minha voz.

 

Na minha eterna e ardente introversão,

de tanto argumentar com a solidão,

eu vivo sempre dialogando... a sós.

 

(Do livro CONVERSA CALADA, página 7)

NÃO ME ESQUEÇO... FILEMON MARTINS

 


                                                (FOTO DO SANDRO, IPUPIARA, BAHIA)

                                                   NÃO ME ESQUEÇO...

Filemon Martins

 

Não me esqueço dos versos comoventes

que escrevi com perene inspiração,

quando vivi nos chapadões florentes

da minha terra em meio do Sertão.

 

Depois, parti. Sofri dores pungentes

numa luta sem fim de solidão.

Desolado, vivi dias ingentes

e se caí, jamais fiquei no chão.

 

Vejo, porém, que os meus cabelos brancos

são apenas troféu para consolo

de quem viveu aos trancos e barrancos...

 

Desafiei a vida, estou cansado,

só resta agora um pensamento tolo:

sou poeta, sou livre e aposentado.

 

JONATHAS BRAGA, ILUSTRE POETA DE PERNAMBUCO.

 

                                    (FOTO DO PASTOR CLÓVIS DE SOUSA, IPUPIARA, BAHIA)



JONATHAS BRAGA, ILUSTRE POETA DE PERNAMBUCO

Filemon Martins


                                                         

 

O ilustre poeta pernambucano, Jonathas Braga nasceu na Rua do Alecrim, bairro de São José, no Recife, em 08 de maio de 1908. Estudou na antiga Escola Normal de Pernambuco, no Colégio Americano Batista, tornando-se bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Obteve também o grau de licenciatura em letras neolatinas, pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife, hoje Universidade Federal de Pernambuco.

Além de Ministro Evangélico, foi professor de Português no Ginásio Pan-Americano, do Recife e no Colégio Agrícola de São Lourenço da Mata, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, tendo sido membro ativo da Academia Evangélica de Letras do Brasil.

Começou a escrever poesias em 1925 e publicou vários livros, entre outros, “O POEMA DA VIDA” e “A NOVA ALEGRIA” – 1942; “O SUAVE CONVITE” – 1948, “O CAMINHO DA CRUZ” – 1949, “A CANÇÃO DO SENHOR EM TERRA ESTRANHA” – 1953, “ A ESTRELA DE BELÉM” – 1957, “O MILAGRE DO AMOR” – 1969 e “O CÂNTICO DA MINHA ESPERANÇA” – 1970.

Poeta primoroso, sensível, inspirado, Jonathas Braga não apreciava a presença de adjetivos junto da palavra poeta, porque os julgava bajulatórios. Nunca aprendeu a incensar ninguém e confessa que essa atitude lhe custou alguns sacrifícios, conforme diz em seu livro “O CÂNTARO JUNTO À FONTE”, páginas 11 e 12.

Escreveu versos admiráveis, como estes do soneto “EU TE AGRADEÇO”, transcrito do livro “O CÂNTARO JUNTO À FONTE”: “Senhor, eu te agradeço a vida que me deste, /o ar que respiro, o sol e o céu cheio de estrelas, /os pássaros que estão cantando, alegres, pelas/campinas a florir, no mundo que fizeste. Eu te agradeço a luz que os píncaros reveste/de cores que ninguém pudera concebê-las, /e as fontes de cristal que sempre sonho vê-las/sussurrando canções que tu lhes compuseste. Eu te agradeço o riso inocente das crianças,/que semeiam na terra alegres esperanças,/enchendo os corações de cânticos de amor.../Eu te agradeço a paz que me consola e anima,/e tudo quanto é bom e que me vem de cima,/de onde me vês aqui, por onde quer que eu for.”
O Dr. Ebenézer Gomes Cavalcanti, em 20 de maio de 1937, já afirmava: “Ao Jonathas Braga coube o quinhão da Poesia, que canta e sorri e chora nas artérias sensíveis dos seus versos rimados...” Para Alfredo Mignac, “Jonathas Braga tem um estilo maravilhoso. Rima rica e perfeita. De raro brilho e lavor, seus versos são como prados amenos onde o riacho corre manso e liso e o ambiente tresanda a perfume de lírios. É uma espécie de orvalho que cai de cima, num deslumbramento e mansuetude admiráveis.”

De rara beleza e simplicidade é a sua poesia sobre o Natal: “Foi em Belém, naquele dia,/quando uma estrela apareceu/que, em cumprimento à profecia:/Jesus nasceu! Tudo era então viva poesia/e os anjos cantaram pelo céu,/como a dizer com alegria:/Jesus nasceu! E ele, na pobre estrebaria, /olhando em torno o povo seu,/qual novo sol resplandecia!/Jesus nasceu! Feliz Natal o desse dia,/quando uma estrela apareceu/e disse ao mundo com alegria:/Jesus nasceu!”
Jonathas Braga tornou-se um dos mais populares poetas evangélicos, ao lado de Mário Barreto França e Gióia Júnior, formando a tríade dos maiores poetas do evangelismo nacional. Mário Barreto França, em janeiro de 1949, afirmava: “Poeta primoroso, Jonathas Braga tem escrito em vários jornais e revistas, tanto do norte como do sul do país. Seus poemas apresentam o suave sabor de seu lirismo próprio dos grandes vates, dos que possuem em alto grau as vibrações naturais da sensibilidade artística. Jonathas Braga é, pois, o poeta da simplicidade, que sabe transmitir as confortadoras verdades do evangelho, através da delicadeza dos seus versos, onde se espelha a bondade, a pureza e o amor”.
No soneto “O CONTRASTE” o poeta pernambucano apresenta sua preocupação social: “Buscam jazidas ricas de minério/os que imaginam mundos coruscantes,/pensando nos palácios fulgurantes/que poderão encher todo o hemisfério./Outros devassam o silêncio etéreo/das atmosferas ínvias e distantes,/como se fossem pássaros gigantes/buscando além a chave de um mistério./ E o mundo fica estarrecido e absorto,/mas há milhões que vivem sem conforto/e tantos outros a que falta o pão.../ Por que, pois, ir tão alto ou ir tão fundo,/quando aqui mesmo, em cima deste mundo,/há tanto que fazer por nosso irmão?”

Não faz muito tempo, peregrinei pelas livrarias e sebos da cidade de São Paulo, na esperança de encontrar um exemplar de qualquer livro publicado pelo poeta do Recife, mas nada consegui. Infelizmente, após a morte do poeta, a comunidade evangélica não tem se preocupado em reeditar os livros do vate de Sucupira, mas vale a pena ler a obra do poeta pernambucano, que viveu sob o calor dos trópicos e que conforme o juízo crítico do Professor Joanyr Ferreira de Oliveira, “Se algum estudioso da poesia sacra brasileira desconhecia o nome de Jonathas Braga, estava em falta, pois trata-se de um dos mais férteis e está entre os mais corretos bardos evangélicos brasileiros”. Para o escritor e crítico literário Mário Ribeiro Martins, “Jonathas Braga tem uma poesia de sensibilidade incomum”. O Professor Pereira de Assunção, referindo-se a Jonathas Braga, afirma: “sua bagagem literária representa algo apreciável que o coloca entre os grandes da poesia brasileira”.

Pena que as Editoras Evangélicas não reeditam a obra do ilustre vate pernambucano.


(FOCALIZADO EM MEU LIVRO "FAGULHAS".)

segunda-feira, 8 de julho de 2024

ATO DE FÉ - MIGUEL RUSSOWSKY

 



                                                                ATO DE FÉ

Miguel Russowsky (1923 – 2009)

 

Ó Deus! Eu vim falar contigo. Espero

que atendas este humilde servo teu.

Não quero muita coisa, apenas quero

voltar a crer. A minha fé morreu.

 

Dizem que és sábio e bom (não eu,

que em religiões estou no marco zero)

que castigas o mal com punho fero.

Dizem que és luz eterna no apogeu...

 

Entretanto, permite que eu duvide.

Se deixas a injustiça sem revide

e a fome prosperar como se vê...

 

Se deixas o demônio estar no mundo...

Se podes destruí-lo num segundo...

Me deste o raciocínio para quê?!

TROVAS DE CAROLINA RAMOS

 



 TROVAS DE CAROLINA RAMOS (SANTOS-            SP)

 

O mar da vida parece

que às vezes quer me afogar,

mas, Deus, que nunca me esquece,

atira a boia no mar!

 

No amor o tempo se gasta

com medidas desiguais:

se estás longe, ele se arrasta;

se perto, corre demais!

 

Quem se agarra a uma quimera,

quem persegue uma utopia,

age como se soubera

que sem sonhos... morreria!

 

Quem não sabe, quem não sente

que às vezes nos custa caro

essa audácia de ser gente,

quando ser gente é tão raro?











ILUSÃO - DOUMERVAL TAVARES FONTES

 


     ILUSÃO

Doumerval Tavares Fontes


 

Triste, percorro o parque abandonado;

Revolvendo as quimeras delirantes

Que encheram de alegria meu passado

Todo feito de imagens deslumbrantes...

 

Meu ser, pela saudade dominado,

Chora a graça de paz que havia dantes

Nesse parque, silente e desolado,

Repleto de lembranças palpitantes...

 

Já das aves não se ouve o doce canto,

Nem se ouve o surdinar das serenatas

Da quimera a embalar o eterno encanto...

 

Só se ouve, muito lento e dolorido,

O queixume saudoso das cascatas

Na tristeza do parque adormecido.

 

(O Jornalzinho, Set/out-2011, página 5)

MUNICÍPIO DE SEABRA - PARTE II

 



 

MUNICÍPIOS DA CHAPADA DIAMANTINA

MUNICÍPIO DE SEABRA (Parte II)

Saul Ribeiro dos Santos

📧saul.ribeiro1945@gmail.com

 

     A partir do ano de 1549, com a chegada do Governador Geral do Brasil, Tomé de Sousa e seus auxiliares, todos perceberam que a região de São Salvador e adjacências eram compostas de terras boas e estavam apresentando boa produção agrícola. Perceberam também que todas as terras do Brasil precisavam ser inseridas no contexto histórico da colônia portuguesa. Os portugueses verificaram que o solo do interior da Bahia era rico em minérios, principalmente ouro e diamante (de fácil sondagem e prospecção) e possuía trechos com terras boas para as lavouras e pastos para a criação de animais.

      Toda a produção agrícola do entorno de São Salvador (esse era o nome oficial da cidade) era exportada. Após os anos de 1553 e 1557 com a chegada de Duarte da Costa e Mem de Sá, respectivamente 2° e 3° governadores, as capitanias de São Salvador, Porto Seguro e São Jorge dos Ilhéus estavam produzindo a contento. Até o início do século XVIII  São Salvador e as proximidades da cidade era a parte mais desenvolvida do Brasil. Era considerada como a “menina dos olhos” do rei de Portugal.

       O interior precisava ser povoado para produzir mais riquezas para os nobres -  pessoas importantes da Corte Portuguesa em Lisboa. Os portugueses tinham muito interesse nas pedras preciosas desta parte da colônia. Para a Família Real, para os nobres e fidalgos do Império português, a Bahia estava indo muito bem. Entre os anos de 1650 e 1750 a cidade de São Salvador em conjunto com toda aquela região próxima no entorno da sede da colônia apresentava excelente produção agrícola destinada à exportação, cujo dinheiro apurado era enviado para a sede do Império, em Lisboa. As lavouras eram desenvolvidas a custo zero pela mão de obra dos escravos.

       Naquele tempo prosperava uma economia de exportação e tudo era produzido com base na mão de obra escrava (com custo zero ou quase zero). A Enciclopédia Barsa informa que André João Antonil (2) na obra Cultura e Opulência do Brasil, de 1711, declara que “naquele período a Bahia exibia forte produção agrícola (3). Cita-se a quantidade de 14.500 caixas de açúcar, possuía 157 engenhos que fabricavam 300 mil arrobas de açúcar”. A cada ano construíam-se mais engenhos. As lavouras de fumo produziam 25 mil rolos de tabaco (fumo) por ano. O povoamento e civilização foram incentivados com maior empenho após o Rei de Portugal marcar uma reunião para conversar com seus representantes da sede da Colônia. Na reunião o Rei tomou a decisão política de povoar o interior da Bahia.

     Depois da chegada de D. João VI ao Brasil em 1808, dias após o desembarque do mandatário e sua comitiva na Bahia, foram criadas várias instituições e aconteceram muitas mudanças na administração da política brasileira. As mudanças influenciaram   positivamente todo o Brasil.

     Mais tarde, a contar do ano 1822 até o ano de 1932, foi um período de agitações e mudanças significativas no Brasil. Ocorreram fatos que influenciaram a política e o comércio de todas as cidades, inclusive os povoados do interior, aqui no sertão. Nesta região das Lavras Diamantinas, naquele tempo, as cidades que sentiram maior impacto foram Rio de Contas, Mucugê, Piatã, Lençóis, Andaraí, Palmeiras, Macaúbas e Brotas de Macaúbas. Outras pequenas localidades também sentiram os impactos das mudanças, ainda que de maneira sutil. Entre os fatos históricos mais importantes que aconteceram nas cidades grandes e refletiram nas pequenas e nos povoados, selecionamos os seguintes. Vejamos:

· 1822 - No dia 18 de fevereiro de 1822 começam na Bahia as lutas pela independência da  Bahia e do Brasil, com os primeiros combates entre baianos e portugueses.

· 1822 – No dia 7 de setembro foi proclamada a independência do Brasil por D. Pedro I, quando proferiu as famosas palavras Independência ou Morte, às margens do Riacho Ipiranga, em SP.

· 1823 – No dia 28 de janeiro foi travado um forte combate naval entre as tropas portuguesas e o Batalhão dos Patriotas Baianos junto à foz do Rio Paraguaçu. Depois de outros combates, no dia 2 de julho retiram-se da cidade de S. Salvador as tropas da Marinha Portuguesa. Nesse dia foi realizado o desfile, a marcha triunfal das tropas da Bahia pelas ruas da cidade.

· 1837 – No dia 7 de novembro eclode em Salvador a revolução denominada Sabinada, chefiada pelo médico Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira. Os revolucionários pretendiam estabelecer um sistema republicano durante a minoridade de D. Pedro II.

· 1853 – Foi assinada a concessão para a construção da Estrada de Ferro Bahia-São Francisco Railway, inaugurada em 1860.

· 1888 – No dia 13 de maio – libertação dos escravos. A lei n° 3.353/88 é composta de dois artigos bem diretos, a saber:

      Art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.

Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário.

· 1889 – No dia 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República. O imperador D. Pedro II foi destronado e no dia seguinte embarcou para Portugal.

· 1891 – No dia 24 de fevereiro foi promulgada a 1ª. Constituição Republicana do Brasil

· 1896 – Eclode a Revolução de Canudos, no sertão da Bahia. Em 1908 o mentor do movimento, Antônio Conselheiro, foi morto em combates, pondo fim ao movimento da Revolução que serviu para revelar o grau de abandono em que viviam os sertanejos, fazendo as autoridades pensar diferente.

· 1912 – No dia 10 de janeiro ocorreu o bombardeio da cidade do Salvador por tropas federais. Canhões do Forte S. Marcelo foram direcionados e dispararam contra a cidade à qual deveriam proteger. Foi um episódio que marcou as lutas políticas entre as oligarquias provincianas nos primeiros anos da República. O fato deixou a cidade perplexa e teve repercussão nacional. Culminou com a ascensão ao governo do Estado a figura do então Ministro da Viação e Obras Públicas, José Joaquim Seabra, significando a derrota dos antigos líderes.

· 1929 – Quebra da Bolsa de Nova York (24 de agosto de 1929, o dia ficou conhecido como “quinta feira negra”). Foi uma grave crise que prejudicou todos os países, inclusive o Brasil.

· Revolução de 1930 – Getúlio Vargas assume o poder. O Congresso Nacional foi dissolvido. Governadores foram depostos e interventores federais foram nomeados.

· A crise internacional trouxe dificuldades para o Brasil. Em 1930/31 o café e o cacau, principais produtos de exportação, começaram sofrer as consequências. A crise atingiu também os Municípios do interior. Ainda os mais idosos falam da crise (falam: crise de 32).

· 1932 – No dia 9 de julho aconteceu em São Paulo um levante chamado de Revolução Constitucionalista, que influenciou toda a política brasileira, influenciando os Municípios do interior.

    Vamos retornar aos comentários sobre Seabra. A formação dos primeiros povoados nesta parte da Chapada Diamantina ocorreu durante o século XVIII e início do século XIX. A formação ocorreu principalmente em função de maior produção das minas de ouro existentes em Jacobina e Rio de Contas. (4) O Rei de Portugal aprovou o projeto da abertura de uma estrada para ligar as duas regiões produtoras do metal valioso. A estrada (para a passagem de cavaleiros, tropeiros e carros de bois) foi batizada com o nome de Estrada Real do Sertão. (5) Essa via pública de longa extensão passava por terras que hoje pertencem ao Município de Seabra. A Estrada Real do Sertão tinha ramificações de acesso para muitos povoados.

        Com as minas de ouro e a estrada, muitos portugueses se interessaram pela região. Toda a produção das minas era controlada e repassada para o funcionário que cuidava dos interesses tributários do governo imperial. O governo, através dos fiscais, controlava e cobrava altos impostos. Percebendo que não tinham muita liberdade para negociar, vários garimpeiros e compradores de ouro e diamantes mudaram de atividade e foram para a produção agrícola nos vales e grotões férteis.

 

(2)  João André Antonil (Giovanni), nasceu em Lucca, na Itália em 08/11/1649 e faleceu em Salvador - Bahia, em 13/11/1716.

     Formado em Direito Civil pela Universidade de Perúgia. Veio ao Brasil trazido pelo Pe. Antônio Vieira. Foi um grande historiador. Foi reitor do Colégio da Bahia. Seu livro Cultura e Opulência do Brasil tornou-se uma obra fundamental da Historiografia brasileira. A 1a. edição foi confiscada pelas  autoridades por temerem despertar a cobiça das cortes europeias. (Enciclop. Barsa, vol. 2 pag. 472).

(3)  Enciclopédia Barsa, vol. 3. pág. 402. Encyclopaedia Britannica Publicações Ltda., SP.  - 1995.

(4)  As minas de ouro em Rio de Contas exerceram influência na formação de muitos povoados. Os povoados foram crescendo, promovidos a Distritos e mais tarde em sede do atual Município. Muitas datas citadas na introdução ou na emancipação dos Municípios foram conseguidas por meio de acesso a Publicações dos Municípios da Bahia, outras fontes.

 (5)  Nome dado aos caminhos abertos no Brasil, nos séculos XII e XIII pelo Rei de Portugal.

 

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Este texto é parte integrante do esboço do livro Chapada Diamantina, em elaboração.

 

 SOBRE O AUTOR

SAUL RIBEIRO DOS SANTOS é casado com a Drª Agripina Alves Ribeiro, com quem tem os filhos Raquel Ribeiro dos Santos, Esther Ribeiro dos Santos e Arão Wagner Ribeiro.

Autor do livro DECISÕES & DECISÕES, publicado em 2013 pela Gráfica e Editora Clínica dos Livros, de Feira de Santana, Bahia.

Colaborador assíduo do Blog Literário do Filemon e trabalha no projeto do livro CHAPADA DIAMANTINA, em elaboração.