domingo, 30 de junho de 2024

RECORDAÇÃO - FILEMON MARTINS

 


                                                (FOTO DO SANDRO, IPUPIARA, BAHIA)


Recebi, do amigo Antônio Monteiro, de São Paulo, correspondência com o seguinte bilhete:
“Filé, com a ajuda da excelente memória que Deus me deu, transcrevi para este papel, também escrito a máquina de escrever, estes lindos versos em forma de TROVAS, que você tão humildemente me enviou, por volta dos idos de 1968, ainda em Morpará (Ba), há 50 anos. É para o amigo ver, olhar, apreciar, lembrar, relembrar e recordar os versos de sua própria autoria.” Abraços, Antônio Monteiro

Eis os versos:

RECORDAÇÃO

Filemon Martins

Relembro aqueles tempos de criança,
aquelas tardes que não voltam mais,
quando corria cheio de esperança
em busca dos meus sonhos e ideais.

Relembro aquela quadra venturosa,
os versos que escrevia no Sertão,
quando vivia em busca de uma rosa
que me amasse de todo o coração.

Hoje, recordo com saudade imensa
aqueles campos, flores naturais;
mas não tenho consolo ou recompensa,
pois esse tempo não me volta mais.

Relembro e em sonho vejo aquela serra (*)
que às vezes contemplava comovido,
admirando a beleza que se encerra
nos matagais do meu torrão querido.

Recordo o meu estudo de criança
e com saudades lembro os ideais,
e aqueles dias cheios de esperança
cheios de flores, sonhos irreais.

Por isso eu vivo a recordar os sonhos
e aqueles tempos de venturas tais,
tempos que para mim foram risonhos,
mas que na vida não desfruto mais.

(*) – SERRA DO CARRANCA

Nota do autor: eu tinha 18 anos quando escrevi este poema, que, graças ao amigo Antônio Monteiro, não se perdeu no tempo. Minha gratidão, amigo.

VELHO CHICO - FILEMON MARTINS

 




VELHO CHICO 
Filemon Martins 

Desde menino, 
em Morpará, 
aprendi com o Sertanejo 
que o Velho Chico 
nasce na Serra da Canastra, 
em Minas Gerais. 
Aprendi também que o nosso rio 
era conhecido como o “Nilo Brasileiro”, 
ou ainda “Opará” pelos indígenas. 

Com mais de 2800 km de extensão 
percorre Minas, Bahia, 
Pernambuco, Sergipe e Alagoas, 
desembocando no Oceano Atlântico. 

Hoje, 
assoreado, poluído e maltratado, 
precisa de revitalização. 
Suas matas ciliares foram, 
aos poucos, destruídas, em nome do progresso. 

Mas, agem ao contrário, 
querem mudar seu curso. 
Querem mudar seu destino. 
Dizem, cinicamente, que trará benefícios, 
mas não informam aos bolsos de quem. 

Ah, São Francisco de Assis, 
se o Velho Chico falasse, 
certamente falaria: 
- Quero correr entre as árvores, 
frutificando pomares, perfumando jardins, 
irrigando aquelas terras 
do já tão seco Sertão. 
Quero seguir o meu curso 
como quis meu Criador, 
alimentando pescadores, 
pobres e esquecidos 
que vivem perto de mim. 
Quero que todos saibam, 
estou morrendo de dor. 

COISAS DE AMOR - FILEMON MARTINS

 





Agora, na Língua de Bilac:
COISAS DE AMOR
                     
Filemon Martins        
     
É noite calma. A lua está brilhando,
namorados passeiam pela rua,
enquanto aqui a sós fico sonhando,
- como dói no meu peito a ausência tua.

Quisera, nesta noite, estar amando
tranquilo a contemplar a luz da lua
e seguirmos, unidos, procurando
novos sonhos, que a vida continua...

Meu coração, porém, desconfiado,
parece reviver triste passado,
- não acredita mais nesta emoção.

Se a vida não perdeu o encantamento
desse sonho de amor, desse momento,
- coisas de amor não têm explicação.

LE COSE DELL ' AMORE - FILEMON MARTINS

 



LE COSE DELL´AMORE
        (TRADUÇÃO EDIZIONI UNIVERSUM, ITÁLIA)
                        Filemon Martins

È ancora notte. La luna splende,
per gli amanti dela passeggiata lungo la strada,
mentre io sono qui tutto solo a sognare
- Mi fa male il cuore per la tua assenza.

Vorrei che questa notte fossi amato
in tranquillità contemplando la luce dela luna
e insieme continuiamo a cercare
nuovi sogni, affinché la vita continui...

Il mio cuore, però, sospetta
Sembra rivivere il nostro passato,
- Non crede più in questa emozione.

Anche se la vita non ha perso il suo fascino
di questo sogno d´amore, di questo momento
- Le cose d´amore non hanno spiegazione.










CORAGEM PARA VIVER - FILEMON MARTINS

 




CORAGEM PARA VIVER 
Filemon Martins 

É preciso coragem para avançar, 
não ao farol vermelho da vida, 
mas lutar obstinadamente 
por um Mundo Melhor, 
mais Justo e mais Humano, 
onde a mão da Justiça e do Direito 
defenda o cidadão, defenda o bem comum. 

É preciso coragem para vencer 
obstáculos e reveses, 
vicissitudes que a vida, 
muitas vezes, 
impiedosamente nos impõe. 

É preciso determinação para avançar 
dentro da noite e enfrentar adversidades. 
Mesmo lento, 
sofrendo o açoite do vento 
continuar caminhando e seguindo 
para vencer as tempestades. 

É preciso coragem para viver 
sem alarde, sem temor e sem correr, 
porque depois da curva, 
depois do túnel escuro e assustador, 
virá um TEMPO DE BONANÇA, 
TEMPO DE ESPERANÇA, 
TEMPO DE LUZ, 
TEMPO DE VIDA, 
TEMPO DE AMOR!


TROVAS

 

                                                                    (SÍMBOLO DA UBT)



TROVAS

Despedida, a liberdade,
te esqueci, ponto final!
- Mas me mandaste a saudade
no perfume de um postal!
Ana Cristina de Souza - São Paulo/SP

Na força do pensamento...
Transforme a vida em prazer.
E até mesmo contra o vento...
Sinta o gosto de viver!
Ana Maria Guerrize Gouveia - Santos/SP

Fugindo pela janela,
o ¨don juan¨quis ¨dar no pé¨.
– Um fantasma!, - gritou ela.
E o marido: – Agora é!
Angélica Villela Santos - Guaratinguetá/SP (1935 – 2017) Taubaté/SP –

Dou-te a mão à palmatória…
Foi minha a culpa, confesso;
mas, não te darei a glória
do perdão, que não te peço!
Antonio Carlos Teixeira Pinto - Brasília/DF













sábado, 29 de junho de 2024

UTOPIA - FILEMON MARTINS

 



UTOPIA
Filemon Martins

Uma ternura infinda estou sentindo
já no ocaso do meu viver tristonho.
Meu coração se abriu, feliz, sorrindo,
pois a Esperança renasceu num sonho.

Meu desejo é cantar um hino lindo
para falar de paz tudo transponho,
que toda Humanidade siga ouvindo
os acordes do amor que já componho.

Eu quero ver o povo trabalhando,
construindo, vivendo e se educando
para que todos sejam mais felizes.

Que os políticos sejam mais honestos
e possam nas ações e nos seus gestos
construir um País livre das crises!








sexta-feira, 28 de junho de 2024

RESSURREIÇÃO - FILEMON MARTINS


 


RESSURREIÇÃO
Filemon Martins


Já não lamento o fim daquele sonho
que o tempo, impiedoso, me levou.
- Venturas e alegrias – pressuponho
tombaram pelo chão, nada sobrou.

Por que sofrer, chorar, viver tristonho?
Se o vendaval que assusta já passou?
Reconstruir é tudo o que me imponho
e gritar para o mundo: aqui estou.

Tal como a fênix ressurgir da morte
e as cinzas sacudir buscando a sorte,
embora os olhos marejados d´água.

Meus versos jorrarão como uma fonte
fervilhando de amor vencendo a ponte,
mesmo cobertos de saudade e mágoa!


(Do livro ANSEIOS DO CORAÇÃO, página 103)

ESTRADA DE DAMASCO - FILEMON MARTINS


 



ESTRADA DE DAMASCO
Filemon Martins


Retornamos à estrada de Damasco,
onde Paulo, o escolhido viu a Luz.
Quem sabe ali, distante do penhasco
possamos renascer aos pés da cruz.

Não importa se o mundo tão carrasco
ao desamor e à mágoa nos induz...
O bom perfume vem daquele frasco
que exala o amor eterno de Jesus.

Queremos nos unir nesta peleja,
qual novo convertido que deseja
tornar o mundo mais feliz e lindo.

Para que a Humanidade pervertida
passe a viver da plenitude, a vida
e possa, pelo mundo, andar sorrindo!

TROVAS DE GISLAINE CANALES

 



TROVAS DE GISLAINE CANALES
(1938 – 2018)

Essas algemas partidas
representam liberdade,
salvação de muitas vidas,
e um mar de felicidade!

Eu gosto de navegar
nesse mar de azul infindo
formado por teu olhar.
Não existe mar mais lindo!

É uma mensagem bonita
a que escuto do meu mar,
quando em carícia infinita,
em ondas, vem me beijar!

Eu prossigo o meu caminho,
procurando um grande amor,
que me envolva com carinho
e me aqueça com calor!

Eu quero poder cantar
meus versos aos quatro cantos,
talvez possa transformar
em risos, todos os prantos


(FLORILÉGIO DE TROVAS, ORG. DE JOSÉ FELDMAN)